A SIBS, empresa gestora da rede Multibanco, está no radar de vários players do setor financeiro, incluindo a multinacional de pagamentos Visa e várias fintech, adiantaram ao Jornal Económico fontes do setor. Porém, entre os principais acionistas da SIBS - os cinco grandes bancos nacionais - não existe consenso quanto ao relançamento do processo de abertura do capital da empresa liderada por Madalena Cascais Tomé, que foi cancelado em março por inexistência de propostas interessantes.
O Jornal Económico questionou fontes oficiais da Caixa, do Santander, do BCP, do Novo Banco e do BPI sobre a eventual venda de parte ou da totalidade do capital da SIBS. Porém, até ao fecho da edição, apenas o Santander respondeu às questões, garantindo que não está interessado em vender a sua participação, tal como disse Vieira Monteiro em fevereiro de 2018. Ao todo, a SIBS tem mais de uma dezena de acionistas, incluindo os maiores bancos em Portugal.
Porém, segundo várias fontes do setor financeiro ouvidas pelo Jornal Económico, o grupo Visa será um dos potenciais interessados em comprar a SIBS, se os bancos acionistas estiveram dispostos a vender ou a abrir o capital.
A possibilidade de crescer por aquisições foi, de resto, admitida por um executivo da empresa americana, numa entrevista concedida ao Jornal Económico no passado dia 9 de maio.
“A atividade de M&A, para nós, é um assunto sensível. Nunca podemos falar em nomes. Mas da perspetiva da Visa, como queremos ser a melhor forma de pagar e de ser pago, se isso fizer sentido em termos concorrênciais, então certamente iremos considerar essas opções se nos ajudarem a melhorar a nossa oferta”, disse o managing director da Visa para a Europa, Antony Cahill, na ocasião.
Ao que o Jornal Económico apurou, já terão existido contactos exploratórios a este respeito entre a Visa e os bancos acionistas da SIBS. Mas até ao fecho da edição não foi possível confirmar esta informação junto de um porta-voz do grupo americano. Por sua vez, igualmente questionada sobre o interesse da Visa, fonte oficial da SIBS respondeu que é um tema para os acionistas, isto é, os bancos.
A multinacional surge assim como um potencial parceiro estratégico com expertise na área de pagamentos, algo que a SIBS procurou entre junho de 2017 e março de 2019, sem sucesso. Na altura, o chairman da SIBS, Vítor Bento, tentou encontrar um comprador para 49% da gestora da rede Multibanco, sem sucesso.
A SIBS é um caso raro a nível mundial, porque é detida pelos principais bancos portugueses, num sistema semelhante ao de uma cooperativa. Foi este sistema que permitiu a massificação da rede multibanco sem custos para os clientes, existindo hoje mais de 12 mil caixas automáticas em todo o país. As fontes ouvidas pelo Jornal Económico consideram que, se a empresa for comprada pela Visa ou outro grupo internacional, esta rede será alvo de um processo de racionalização, a par da introdução de custos para os utilizadores. Isto numa altura em que o tema da cobrança pela utilização do Multibanco regressou à ordem do dia pela mão dos bancos donos da SIBS (ver texto ao lado).
Multibanco entra no ‘radar’ da Visa
SIBS desperta interesse em vários players do setor financeiro, mas falta consenso entre bancos acionistas. Santander reafirma oposição à venda.
