A aproximação entre a coligação PSD/CDS e o Chega, que se materializou em concreto na lei dos estrangeiros, não é em si algo que incomode a Iniciativa Liberal (IL). Mariana Leitão, recém-eleita líder dos liberais, assume, no entanto, estar preocupada com o impacto que o fim do ‘não é não’ possa ter no país.
“Não é uma questão de incómodo. Esta é uma questão do impacto que essas aproximações podem ter para o país”, declarou em entrevista ao JE. A parlamentar, que chegou a lançar-se como candidata presidencial, mas recuou para abraçar o desafio de suceder a Rui Rocha na liderança, explica que a IL nunca teve uma “postura de antagonizar propostas de quem quer que fosse só porque vêm de um sítio ou de outro”.
Pelo contrário, defendeu, a postura dos liberais sempre foi “construtiva” no sentido de aprovar propostas que são válidas, têm impacto no país e vão ao encontro daquilo que a IL acha que é necessário para melhorar a vida das pessoas, Se não são, votamos contra.”
Em relação à aproximação da AD ao partido de André Ventura, hoje segunda força com mais deputados no Parlamento, Mariana Leitão garante que a “postura é a mesma”. Ou seja, se esse entendimento trouxer “resultados positivos para o país”, os liberais não traçam linhas vermelhas.
O problema, critica a líder da IL, é que “o Chega não dá confiança que de facto seja um partido que se possa confiar, que no fim do dia tenha as soluções necessárias para o país ou que tenham interesse dos portugueses como grande preocupação. Em muitas coisas é incongruente, muitas vezes as propostas ou são mal feitas ou têm um objetivo com o qual não concordamos”.
Quanto à lei dos estrangeiros, que o Presidente da República decidiu enviar para o Tribunal Constitucional, com dúvidas quanto à constitucionalidade de várias normas no reagrupamento familiar e tecendo duras críticas à forma apressada como o processo legislativo decorreu (em apenas 16 dias), Mariana Leitão lamenta que assim tenha sido e aponta o dedo ao Governo por “desrespeitar” a Assembleia da República.
Concordando que o país precisa de “uma imigração regulada e ao mesmo tempo que garanta integração das pessoas”, a liberal defende que a AD devia ter tido em consideração “os tempos necessários para a Assembleia da República pedir os pareceres necessários, para ouvir entidades que são fundamentais ouvir, e para que houvesse um processo de especialidade que incluísse a discussão e a análise de propostas de alteração”.
“Impactos” da aproximação AD-Chega no país preocupa IL
Eleita presidente da Iniciativa Liberal há duas semanas, Mariana Leitão quer continuar a “desafiar o sistema” para garantir “as reformas suficientes para fazer o país avançar nas várias áreas”.
