A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) alerta para uma nova vaga de encerramentos no setor que agrega quase 74 mil empresas e mais de 300 mil trabalhadores. O aviso surge numa altura em que a Unidade criada para avaliar os benefícios fiscais recomenda a subida do IVA da restauração de 13% para 23%, numa proposta enviada ao Governo que já mereceu a oposição desta associação, salientando que a medida é “insustentável e lesiva” para as empresas com a subida de preços a ameaçar “milhares de postos de trabalho”.
Ao JE a secretária-geral da AHRESP faz o diagnóstico do setor, que no representa um volume de negócios de 14,5 mil milhões de euros. E sinaliza que não pode falar numa evolução positiva da atividade da restauração no primeiro semestre de 2025. “O setor continua a atravessar um momento extremamente exigente, marcado por incertezas crescentes e um contexto económico desfavorável”, afirma Ana Jacinto. Dá aqui conta de que a restauração e hotelaria enfrenta um endividamento acumulado e dificuldades no pagamento das linhas de apoio Covid-19. A isto, prossegue, somam-se os impactos da inflação nos custos operacionais, dificuldades na contratação de trabalhadores qualificados, encargos fiscais e laborais “pesados”, bem como redução de clientes e um menor valor médio por consumo com o crescente declínio do poder de compra.
“A manter-se esta trajetória, e sem uma resposta concreta que alivie a carga fiscal e os encargos suportados pelas empresas, é expectável que se venha a assistir a uma nova vaga de encerramentos”, alerta a responsável da AHRESP. Tal cenário, acrescenta, teria um impacto “muito negativo” não apenas no setor da restauração, mas em toda a cadeia de valor — desde os produtores agrícolas e vitivinícolas aos transportes, cultura, turismo e logística.
Para o setor, frisa, “é urgente reforçar políticas e medidas que permitam garantir a sustentabilidade de um setor que é essencial para a coesão económica e social do país”. Um alerta que vem ao arrepio das medidas da recomendação da Unidade Técnica de Avaliação de Políticas Tributárias e Aduaneiras (U-Tax), que merece assim a oposição do setor, sinalizando que a proposta não consta do OE, tal como não constou nas propostas apresentadas pelos partidos antes das eleições”.
Ao JE, Ana Jacinto defende que a estabilidade fiscal é “essencial”, concluindo que voltar a subir o IVA da restauração “provocaria o encerramento de milhares de empresas”, sobretudo fora dos grandes centros urbanos, onde é muitas vezes uma das principais atividades económicas.
Conclui, por isso, que “o Estado tem de fazer parte da solução, criando condições para que as empresas possam ser mais produtivas, designadamente, promovendo o alívio da carga fiscal”. Sustenta que só com “negócios sólidos, competitivos e financeiramente sustentáveis será possível garantir que os aumentos salariais não se transformam num fator de risco acrescido para a viabilidade das empresas, nem comprometem a manutenção e a criação de postos de trabalho”.
AHRESP alerta para “vaga de encerramentos” sem alívio da carga fiscal e custos do setor
Unidade Técnica propôs subida do IVA na restauração para 23%. A associação do setor opõe-se e alerta: medida ameaça “milhares de empregos”. Reclama medidas para alívio da carga fiscal e custos.
