Os mercados desconfiam cada vez mais da capacidade de os EUA pagarem a montanha de dívida que têm e que vai aumentar. Temem que haja uma qualquer espécie de ‘default’. Como avalia este risco?
Os EUA estão numa trajetória orçamental insustentável. O governo não tem qualquer plano ou intenção de controlar o défice, e com as taxas de juro altas do pós-pandemia, a dívida vai crescer a um ritmo acelerado. No entanto, penso que vai evitar um não-pagamento. Isto porque tem uma ferramenta que já começou a usar, e vai fazê-lo cada vez mais: a repressão financeira. O governo dos EUA já está a encorajar – ou forçar – cada vez mais instituições a deterem dívida pública americana aceitando retornos inferiores, enquanto põe pressão sobre a política monetária para que haja alguma inflação para abater à dívida.
“Governo português continua a contar mais que a Comissão”
Nasceu em Leça da Palmeira, doutorou-se em Harvard, deu aulas em Princeton e na Columbia e hoje é professor na London School of Economics. Académico e inteletual, exigente e interventivo, há muito que pede um ciclo de reformas capaz de dar força à economia e ao país. Há dias esteve no círculo Eça de Queiroz, em Lisboa, onde procurou, em traços largos e bem fundamentados, explicar o mundo que enfrentamos.
