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‘Falcão’ Powell mantém taxas apesar da oposição interna e de Trump

Presidente da Fed antecipa uma reunião de setembro “animada”, mas mostra-se preparado para manter os juros elevados, desafiando mais uma vez a vontade de Donald Trump.

Apesar da pressão de Trump e dos votos contra de dois governadores – a primeira vez que tal acontece em mais de 30 anos –, a Reserva Federal parece determinada a manter os juros no atual nível “moderadamente restritivo”, como descreveu ‘Jay’ Powell, para lá de setembro, o que coloca mais dúvidas quanto às duas descidas previstas pelo mercado e pelos próprios responsáveis de política monetária até final do ano.
A reunião de julho, última antes da pausa de verão, viu os juros permanecerem inalterados pela quinta vez seguida entre 4,25% e 4,5%, mas com os votos contra de Christopher Waller e Michelle Bowman, dois governadores nomeados no primeiro mandato de Trump. Foi a primeira vez desde 1993 que tal aconteceu, mas Powell elogiou a postura de todos os membros do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) e o debate entre eles.
“Tivemos uma boa reunião com toda a gente, em que as pessoas deliberaram cuidadosamente e expuseram as suas posições”, ilustrou o presidente da Fed aos jornalistas presentes na conferência de imprensa após o anúncio, isto antes de sinalizar que o banco central está “numa boa posição” para lidar com a incerteza do atual momento económico – uma afirmação vista por muitos como um sinal de que não pretende baixar taxas já em setembro.
Trump e a sua administração têm pressionado repetidamente a Fed para baixar juros, apontando a mais de 300 pontos base (pb) abaixo do atual nível, para 1%. No entanto, Powell afirmou estar convencido, juntamente com “quase todo o Comité, que a economia não está a dar estar a ser contida de forma desapropriada pela política monetária”.
“Com apenas mais três reuniões da Fed este ano, cresce a incerteza sobre se irá prosseguir com os dois cortes implícitos no dot-plot”, ou seja, no gráfico com as projeções individuais dos governadores quanto à taxa terminal deste ano, destaca a análise da Aberdeen. O cenário base passa assim a ser uma reunião de setembro sem mexidas, algo que o mercado começa também a interiorizar: a probabilidade desta hipótese subiu de 39,2% há uma semana para 62,8% esta quinta-feira, segundo a FedWatch Tool do CMEGroup.
Olhando para o final do ano, o mercado divide-se agora entre um corte ou nenhum. Ainda assim, o banco ING abre a porta a uma descida apenas em dezembro, mas logo de 50 pb, caso os dados macro comecem a mostrar uma fraqueza evidente, sobretudo no emprego e no crescimento.

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