A Galp revelou que o licenciamento de projetos de energias renováveis em Portugal e Espanha tem sido bastante desafiante. Neste cenário, o valor de investimento total previsto pela companhia este ano poderá ficar abaixo do previsto por falta de avanço nos projetos.
“Na Península Ibérica, continuamos a enfrentar grandes desafios com o licenciamento das renováveis. O Capex destinado às renováveis este ano, infelizmente, vai ser menor do que tinhamos planeado, mas não é por estarmos a tirar o foco das renováveis”, disse o presidente executivo da Galp na call trimestral com os analistas esta semana.
“Precisamos de muitos eletrões, eletrões verdes, para alimentar a nossa base de clientes” e “as nossas unidades industriais, incluindo os eletrolisadores. Mas não conseguimos construir em número suficiente. Isto é uma preocupação. Mas torna o nosso plano de Capex para 2024 mais leve do que o esperado”, acrescentou Filipe Silva.
Atualmente, a Galp conta com 1,4 gigawatts de projetos renováveis em operação (principalmente de energia solar e em Espanha), com mais 200 megawatts em construção em Espanha. No total, conta com 5,5 gigawatts em desenvolvimento. Por geografias, conta com um portefólio ibérico de 4,5 gigawatts (três gigas em desenvolvimento) e 2,5 gigas em desenvolvimento no Brasil.
Entre 2023-2025, a Galp planeia investir um total de três mil milhões de euros, ao ritmo de mil milhões por ano, com 45% do valor a destinar-se a projetos de baixo carbono.
A empresa anunciou uma subida dos lucros no primeiro trimestre em 35% para 337 milhões de euros, com o EBITDA a atingir os 974 milhões de euros face aos 864 milhões homólogos: “um conjunto robusto de resultados, impulsionados por um sólido desempenho no ‘upstream’ [produção de petróleo e gás] e na refinação e pela contribuição das atividades de gestão de energia”, segundo a companhia.
Olhando para o EBITDA das energias renováveis, este afundou 75% no primeiro trimestre para nove milhões de euros, à boleia de menor produção e de preços mais baixos.
Mas o grande destaque na chamada com os analistas foi a descoberta de reservas de petróleo na Namíbia.
Filipe Silva garantiu que a companhia vai dar prioridade a um parceiro para este país que garanta o financiamento da operação e que tenha capacidade para a desenvolver rapidamente. Mas assegurou que a Galp manterá uma “participação significativa” no projeto.
A Galp registou, em janeiro, a descoberta de hidrocarbonetos ao largo da Namíbia, e, a 18 de abril, anunciou que os resultados dos testes feitos apontam para reservas de 10 mil milhões de barris de petróleo equivalente de petróleo no complexo de Mopane, na baía de Orange. Na apresentação de contas, a empresa destacou que foram identificadas “colunas significativas de petróleo contendo petróleo leve em areias de reservatório de alta qualidade”.
A Galp detém 80% dos interesses neste projeto, mas pretende encontrar um parceiro para reduzir o risco, mas que financie o seu desenvolvimento e garanta a operação.
“[O desenvolvimento da operação da Namíbia] está além das possibilidades e dos meios financeiros da Galp”, explicou Filipe Silva aos analistas, apontando que a empresa dará prioridade a um parceiro que garanta o financiamento do projeto e o desenvolvimento rápido da operação.
OCEOgarantiu, no entanto, que a Galp manterá “uma participação muito significativa” no projeto.