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BBVA com Sabadell seria 10 vezes maior que CGD mas fusão não está garantida

Banca: O Morgan Stanley e o Goldman Sachs vão assessorar o Sabadell na oferta de fusão do BBVA, Mas a imprensa espanhola já está a noticiar que o Sabadell está reticente em aceitar o acordo de fusão por troca de ações.

É a primeira grande iniciativa fusão bancária da Península Ibérica pós-Covid. Se for aceite, o BBVA propõe-se a criar com o Sabadell um banco com quase um bilião de ativos, o que é 10 vezes superior ao ativo líquido consolidado da Caixa Geral de Depósitos que atingiu 99.294 milhões de euros no final de dezembro de 2023.

Mas nem assim supera o seu rival Grupo Santander que tem 1,8 biliões de euros de ativos.

Em Portugal um dos CEO dos maiores bancos explicou ao Jornal Económico que “este é um movimento natural de consolidação na Europa” e que por isso “não surpreende, nem é inesperado”. Isto numa altura em que o Novobanco se prepara para abrir o capital. Os banqueiros portugueses no geral concordam que “tem de haver concentração de bancos”.

Mas um especialista de banca em Espanha questiona “se faz sentido um banco internacional (BBVA) comprar outro banco no mesmo país onde já tem uma posição forte?” Até porque o Sabadell praticamente não tem bancos fora de Espanha, à exceção no Reino Unido onde está com uma operação pequena.

Esta quarta-feira, o BBVA colocou as cartas na mesa sobre a sua oferta ao conselho de administração de Sabadell com um projeto global. Oferece uma troca de ações com um prémio de 30% em relação ao preço de segunda-feira, Mas após a subida em bolsa, o Sabadell já se encontra a 20% do preço oferecido pelo BBVA.

A possível fusão do BBVA e do Banco Sabadell significaria a criação de um gigante financeiro com 986.924 milhões de euros em ativos.

Para perceber a dimensão da operação, é preciso ter em conta que o BBVA tem uma capitalização bolsista de cerca de 60 mil milhões de euros, ao passo que o Sabadell tem um valor de mercado de cerca de 10 mil milhões de euros. São ambos bancos cotados. Juntos ficariam com um valor de mercado de cerca de 70 mil milhões, muito perto do líder espanhol, o Santander, que tem uma capitalização bolsista de 72,30 mil milhões.

A proposta inclui três assentos não executivos no conselho de Administração da entidade resultante da fusão do actual Conselho de Administração do Sabadell, seleccionados de comum acordo, ocupando um deles a vice-presidência.

O BBVA oferece um título a ser emitido por cada 4,83 ações do Sabadell. Os donos de Sabadell controlariam 16% do novo banco fruto da fusão. Mas a nova tentativa de fusão entre o BBVA e o Sabadell, quatro anos depois de a primeira ter falhado, não terá um caminho fácil, porque a cúpula do Sabadell está renitente em aceitar uma operação em que o pagamento é feito com ações, tal como noticiou o “El Economista”, que cita fontes conhecedoras das conversações. O banco catalão reuniu o conselho de administração na terça-feira, depois de ter recebido a oferta, e voltará a reunir-se em breve.

Segundo a Reuters, o Banco Sabadell recorreu ao Morgan Stanley e ao Goldman Sachs em busca de aconselhamento depois de receber uma oferta de fusão do BBVA no valor de 12 mil milhões de euros.

Na proposta de fusão o nome e marca seria BBVA, mas o uso de ambas as marcas seria mantido nas regiões ou negócios em que pudesse ter interesse comercial. O BBVA compromete-se ainda com uma dupla sede operacional em Espanha e com a instalação de uma delas no centro corporativo de Sabadell em Sant Cugat, na Catalunha.

Segundo estimativas do BBVA, esta operação é positiva no lucro por ação (EPS) desde o primeiro ano após a fusão, conseguindo uma melhoria de cerca de 3,5% uma vez produzidas as poupanças associadas à fusão, que estão estimadas em cerca de 850 milhões, antes de impostos. 

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