Quase sem se dar conta, repete os gestos que se lembra de ver o avô fazer naquele mesmo lugar. Aos poucos, empurra a cadeira com o corpo, põe-se de pé, ergue o copo... por fim, impelido pela voz que lhe aquece o ouvido, António atira: “Que estejamos cá todos para o ano que vem!”
Os convivas acompanham o brinde em coro. Fazem “tchim-tchim”. Riem. À cabeceira da velha mesa de carvalho, a mãe, de 91 anos, e ao lado dela, o irmão, dois anos mais novo. Também estão as amigas, três octogenárias a quem o lar autoriza que passem a consoada com o mais próximo que lhes resta de uma família. Em frente senta-se ele. Com 55 anos, é, depois da mulher, uma dinamarquesa de 45, o segundo mais novo na sala. Até a Augusta, que tem agora as chaves da casa, já vai nos 65... como o tempo passa!
A ceia de Natal do António em 2079
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Vivemos cada vez mais tempo. Uma criança nascida em Portugal em 2024 tem uma esperança média de vida de 81,49 anos. A longevidade faz aumentar os gastos com pensões e saúde, mas também gera toda uma economia que pode e deve ser explorada.