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Vindima abaixo do previsto abre novas expectativas para o setor

Depois do embaraço do chumbo de Bruxelas ao apoio à queima de vinho do Douro, a fileira pode encontrar na escassez a resposta a uma situação de dificuldade que pode ser apenas adiada.

Os dados ainda não estão contabilizados, mas é sentimento geral do setor que o período de vindimas 2025, que acaba de fechar, ficou abaixo das expectativas dos produtores – que já de si não eram as melhores: a produção de 2024 tinha recuperado do mau ano anterior e esperava-se que 2025 voltasse a ficar abaixo dos valores do ano passado. Num contexto em que os excedentes passaram a ser um problema em algumas regiões, nomeadamente no Douro, uma colheita menos conseguida em termos de quantidades pode ser sempre uma boa notícia. Parece ser o que está a acontecer.
Segundo disse ao JE Paulo Amorim, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE), “muitos grandes compradores não renovaram os seus contratos de compras para as vindimas deste ano”, o que lançou muitos pequenos produtores no desespero. As consequências foram as de sempre: “muitos pequenos produtores simplesmente abandonaram as vinhas e nem sequer estiveram disponíveis para tratar das vinhas ao longo da sua fase de crescimento” – o que sucedeu não só por causa das baixas expectativas de colocação da produção, mas também porque, ao longo do ano, os produtos químicos para tratamento da vinha sofreram aumentos que ultrapassaram os 50% - como explicou um produtor da região dos Vinhos Verdes.
Ora, perante uma vindima que fixou aquém do esperado, “muitos desses grandes compradores vieram posteriormente a tentar comprar produções que antes tinha recusado”, salvando assim centenas de pequenos produtores da ruína temporária. Estas movimentações não servirão para salvar um ano que pareceu sempre estar votado ao fracasso, mas podem contribuir para minimizar a conjuntura de um setor que está confrontado com fortes desafios.

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