O setor do alojamento turístico português já acumulou neste verão 2,65 mil milhões de euros, um aumento de 7,9% face ao mesmo período do ano passado, segundo as contas do Jornal Económico, com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística. As receitas continuam imparáveis e este valor representa já um crescimento de 61,6% face aos mesmos três meses (junho, julho e agosto) de 2019, o último ano antes de a Covid-19 ter provocado uma disrupção global.
O Algarve, como habitualmente, acumula os maiores proveitos, com 889,4 milhões de euros em três meses, seguido da Grande Lisboa (609 milhões) e do Norte (388,9 milhões). Mas é a Madeira que lidera o crescimento de receitas entre junho e agosto face ao ano passado, com 16,7%.
Já na comparação com os dois anos anteriores são os Açores que dão o maior salto: mais 37,5% face a 2023 e mais 73,1% face a 2022.
“São os portugueses que estão a sustentar o crescimento do turismo”
“Estes dados demonstram o bom momento do turismo em Portugal”, diz Francisco Calheiros, presidente da confederação do setor, ao Jornal Económico, destacando ainda que “a percentagem de aumento da receita é maior do que a percentagem dos turistas que chegam”. Ou seja, “temos turistas a gastar mais”. O responsável dá como exemplo o mercado norte-americano: “São turistas que, além de pernoitarem mais dias, gastam mais durante as suas estadias”.
O presidente da Confederação do Turismo de Portugal afirma ainda que “são os portugueses que estão a sustentar o crescimento do turismo”, uma vez que tem havido “um muito considerável crescimento de dormidas de turistas residentes”. “Tem, por isso, de se acabar com a narrativa de que Portugal não é para os portugueses”, conclui o responsável da CTP.
Os dados do INE confirmam que o turismo interno cresceu 4,1% em agosto para 3,8 milhões de dormidas, enquanto os mercados externos tiveram uma redução de 0,5% para 6,9 milhões. Os turistas britânicos, que continuam a liderar com 16,9% das dormidas entre não residentes, tiveram uma quebra ainda maior, de 1,2%.
Questionado sobre as perspetivas dos resultados para o resto do ano, Francisco Calheiros diz que “é prematuro” fazer essa análise, mas acredita que, “avaliando as perspetivas de reservas”, os meses de inverno estarão “dentro do expectável”. Ainda assim, avisa que tem de se ter em conta “a atual conjuntura internacional que é ainda de uma grande incerteza”.
Agosto desacelerou face a julho
Se tivermos em conta apenas agosto, as receitas chegaram aos mil milhões de euros, um crescimento de 6,5% face ao mesmo mês do ano anterior. Apesar de tudo, é um abrandamento relativamente a julho, que teve um acréscimo homólogo de 10%.
Também aqui o Algarve absorve uma parte importante dos proveitos – 36,3%, segundo o INE –, seguida da Grande Lisboa (19,8%) e do Norte (14,4%). Os maiores aumentos foram registados na Madeira (+13,1%), seguidos neste mês pelo Alentejo (+10,3%).
O rendimento médio por quarto disponível (RevPAR), importante indicador para o setor, chegou aos 116,8 euros em agosto, o que significa um aumento de 2,6% (ficou aquém da subida de 6,5% de julho). Sem surpresas, o valor mais elevado foi registado no Algarve (174,9 euros), seguido dos Açores (130 euros). O maior aumento teve lugar na Madeira (+10,4%), enquanto na Grande Lisboa houve a maior diminuição (-1,3%).
Por seu lado, o rendimento médio por quarto ocupado atingiu 159,2 euros nesse mês (+4,3%).