Em ano de eleições gerais no Reino Unido, o Partido Conservador e o atual primeiro-ministro enfrentam um duro desafio com as eleições desta semana para o poder local, que poderá ditar o futuro de Rishi Sunak. Interna e externamente, o partido está sob fogo e uma derrota esmagadora, um cenário que não está fora da equação e que pode ditar a antecipação das eleições gerais.
Estão em jogo mais de 2600 lugares de vereador em 107 dos 317 municípios ingleses e galeses, além de lugares em círculos relevantes como a Câmara de Londres (onde o trabalhista Sadiq Khan deve assegurar facilmente um inédito terceiro mandato) e o cenário não é animador para os conservadores: dos cerca de mil lugares que procuram defender, mais de metade está em linha para cair para outros partidos.
Apesar de a provável derrota conservadora não ser motivada por uma rejeição explícita do atual primeiro-ministro, as lições políticas serão tiradas, apontam os analistas. Sunak tem uma popularidade baixa e em queda, acumulando uma série de situações desconfortáveis para o seio do partido que podem ditar o seu afastamento.
As diferenças para a campanha conservadora de 2021 são óbvias: à altura, o primeiro-ministro Boris Johnson foi uma figura central das ações tories, cavalgando a satisfação popular pelo programa de vacinas contra a Covid-19, um fator visto como chave na vitória do partido. Passados três anos, Sunak passou o último dia de campanha em Londres, longe dos candidatos conservadores.
Ainda assim, o primeiro-ministro mostrou-se confiante num resultado surpreendente e positivo para o seu partido. Esta semana, Sunak projetou “a maior recuperação na história política” britânica, apontando a uma vitória. Os resultados definitivos serão conhecidos este sábado.
Caso a vitória improvável se concretize, a expectativa é que as eleições sejam marcadas para o final do verão, a altura preferida pelo atual governante. No entanto, caso as sondagens estejam corretas e os conservadores percam a eleição para os trabalhistas e acabem ultrapassados em vários círculos por reformistas e/ou liberais democratas, a pressão interna continuará a subir.
Uma mudança de líder tão próximo de uma eleição geral pode ser um risco, mas as gaffes de Sunak, juntamente com uma imagem desgastada e associada a tempos difíceis, como a crise energética, ou a medidas impopulares, como a deportação de migrantes para o Ruanda, pode ditar a aposta num candidato alternativo, com Penny Mordaunt, ministra de Estado para a Política Comercial, à cabeça.
Um voto de confiança pelos tories será desencadeado caso 52 dos 345 deputados do partido assim o manifestem, embora uma vitória de Sunak o deixasse internamente reforçado para a eleição geral.A sondagem mais recente do Guardian apontam para 20 pontos de diferença entre trabalhistas e conservadores para a eleição geral.