“A cultura é a melhor vacina para a ignorância”: a máxima é conhecida de todos aqueles que acompanham regularmente as publicações nas redes sociais do consultor de comunicação, Rui Calafate, colunista do JE, autor do podcast do JE “Maquiavel para Principiantes” (desde abril de 2020 que analisa para o JE os temas da atualidade nacional e internacional) e comentador da CNN Portugal. Lançado em abril, o livro “Os 10 Mandamentos da Política” (editado pela Oficina do Livro após convite da Leya em 2022), a primeira obra de Rui Calafate, é uma viagem pelas referências que colecionou durante anos entre a literatura, o cinema e a ficção televisiva: “É um livro feito da política mas da política com amor pela cultura”, realça o consultor de comunicação em entrevista ao JE. Neste “puzzle de muitas histórias”, com múltiplas referências culturais e recurso a personalidades históricas, Rui Calafate condensou dez mandamentos que vão ao encontro de todos aqueles que queiram compreender melhor a política e perceber de forma mais efetiva do que é feita a liderança, não só no panorama político mas também noutras áreas da sociedade.
Mandamentos para líderes
A abrir os dez mandamentos da política, Rui Calafate começou por escolher a máxima que parece uma contradição: Não pareças um político. “Muita gente tem horror à classe política e muitas vezes, a melhor maneira de disfarçar é não parecer um político”. Para o mandamento “Diz sempre a verdade… quando puderes”, o autor cita Winston Churchill: “O político que não sabe mentir é incompetente”. Por vezes, destaca o autor, “não se pode contar tudo” mas mesmo assim “é melhor ser transparente do que ser opaco”. A terceira máxima coloca a reputação acima da notoriedade e enfatiza o facto da primeira ser duradoura apesar de demorar mais tempo a conquistar. O controlo da narrativa como exercício fundamental na política e a necessidade de captar aquela que Rui Calafate define como “a presa mais difícil” - a atenção -, são mandamentos considerados fundamentais, assim como a necessidade dar “pão e circo”, algo que vem da Antiguidade já que, como defende, “o órgão mais sensível do corpo humano é o bolso”. Para um líder, seja este político ou não, vestir a pele do vilão pode ser útil na medida em que “é cativante” e “chama muito mais a atenção do que o bonzinho”, realça. Saber o que se está a construir enquanto líder, explorar a tecnologia num mundo dominado por deep fakes e Inteligência Artificial e sobretudo sair a tempo, são outros mandamentos sugeridos pelo autor.