No dia em que se assinala o 74º aniversário da Declaração Schuman, cujas propostas foram as bases fundadoras do que é hoje a União Europeia (UE), o bloco enfrenta um momento de complexidade e exigência. No próximo mês decorrem as eleições europeias, das mais importantes das últimas décadas, e o novo Parlamento Europeu terá vários desafios pela frente.
O Jornal Económico falou com Helena Ferro de Gouveia, que realça o papel positivo, e por vezes desvalorizado, que a UE tem tido. “Os últimos dois anos foram extraordinariamente importantes para a União Europeia. Tem-se muita vez a tentação ou, se quisermos, o facilitismo de criticar a União, e há de facto alguns aspetos em que tem de melhorar, mas muitas vezes esquece-se de realçar aquilo que de positivo a União Europeia tem e os contributos que tem dado para as sociedades”, afirma a analista de política internacional. Acrescenta que o conflito na Ucrânia “veio demonstrar que este é um projeto político muito forte”.
Numa análise histórica, Eduardo Paz Ferreira considera, por seu turno, que “muito do caminho seguido pela UE não deixou de ser dececionante”. “A Europa vista como um espaço de democracia não teve a força necessária para a defender e, no seu seio, vivem hoje verdadeiras ditaduras”, frisa o jurista. No que diz respeito à guerra na Ucrânia, tem uma posição diferente de Helena Ferro de Gouveia e considera que a União Europeia tem sido “incapaz de assumir um papel decisivo, unido e isento, que auxiliasse o fim do conflito”.
Num olhar para o mapa geopolítico global, Helena Ferro de Gouveia salienta as diversas guerras e conflitos que se têm propagado. “Temos um momento geopolítico marcado por enorme conflitualidade e é importante para a Europa estar em bloco, defender posições comuns e com isso ter muito mais expressão diplomática, muito mais força”, defende a analista. Lembra ainda a importância das regras que pautam o funcionamento da União Europeia. “É o conjunto de regras da União Europeia que nos permite balizar a nossa vida em comum. É importante no Dia da Europa recordar os contributos que a Europa foi trazendo para as nossas vidas”.