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República centro-africana: Preparação e sorte não evitam primeiro ferido grave em missão difícil

Militares portugueses na República Centro-Africana ficaram abalados com acidente que levou à dupla amputação de Aliu Camará, um jovem comando de 23 anos. Situações perigosas têm sido constantes.

Desde o início de 2017 que as Forças Armadas de Portugal integram a Missão Multi-Dimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA). As situações perigosas e de combate direto têm sido constantes, mas até hoje só se registou um ferido grave entre os militares portugueses destacados na República Centro-Africana (RCA), o jovem comando Aliu Camará, com 23 anos de idade, vítima de um acidente ocorrido no dia 13 de junho.
O militar português ficou gravemente ferido na sequência do despiste e capotamento de uma viatura, quando as tropas nacionais realizavam um trajeto logístico junto à região de Bouar, situada a 350 quilómetros a noroeste da capital do país africano. Camará sofreu um traumatismo craniano sem perda de conhecimento e um traumatismo grave dos membros inferiores que obrigou a amputação bilateral.
De acordo com fontes contactadas pelo Jornal Económico, os militares portugueses destacados na RCA ficaram abalados com o acidente que vitimou o jovem comando. Apesar do elevado risco e perigosidade da missão, trata-se do primeiro ferido grave no contingente português. Por um lado, isso é interpretado como demonstração do grande nível de treino e preparação dos militares portugueses. Por outro lado, também é entendido como um sinal de sorte.
Em janeiro de 2019, por exemplo, militares portugueses estiveram durante cerca de cinco horas debaixo de fogo na cidade de Bambari, mas escaparam ilesos. “Os paraquedistas portugueses da 4ª Força Nacional Destacada, em missão na República Centro-Africana ao serviço das Nações Unidas, foram empenhados esta tarde para uma operação de manutenção da paz, após um ataque violento de um grupo armado no centro da cidade de Bambari”, informou o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), em comunicado emitido a 10 de janeiro. “Estiveram cinco horas em combate direto com elementos do grupo armado ex-Seleka UPC (União para a Paz na República Centro-Africana), com o objetivo de proteger civis e restabelecer a paz, entrepondo-se entre o grupo opositor e a população civil indefesa”.
Os contingentes de outras nacionalidades que compõem a MINUSCA não têm tido igual sorte. Ao longo de 2018 morreram seis “capacetes azuis” em missão na RCA, além de haver dezenas de feridos. No total, desde o início da missão em 2014, houve 82 mortes entre o pessoal militar e civil da MINUSCA. Neste momento, os países com mais militares destacados na RCA são o Ruanda (1.371 elementos), o Paquistão (1.243), o Bangladesh (1.009) e o Egipto (1.007). Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da MINUSCA, cujo 2º comandante é o major-general do Exército Marco Serronha. Portugal integra a MINUSCA com a 5.ª Força Nacional Destacada (FND) e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), a qual é comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio. A 5ª FND integra 180 militares do Exército (22 oficiais, 44 sargentos e 114 praças, das quais nove são mulheres) e três da Força Aérea.

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