Skip to main content

Reforma da zona euro continua longe da meta

Líderes dos países da moeda única reúnem-se esta sexta-feira em Bruxelas. Apesar dos ligeiros progressos nas negociações para um orçamento comum, função de estabilização continua a ser uma carta fora do baralho.

“Hoje não temos nada, amanhã vamos ter um orçamento para a zona euro”. Um ano depois da profecia de Emmanuel Macron, a reforma da zona euro continua em passo lento, apesar dos ligeiros progressos que deverão ser confirmados na Cimeira do Euro.
Esta sexta-feira, António Costa reúne-se em Bruxelas com os restantes chefes de Estado ou de Governo dos países da moeda única para discutir o modelo e o calendário de implementação do instrumento orçamental para a convergência e a competitividade para a zona euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade e a União Bancária. Mas são esperadas poucas surpresas.
“Creio que os resultados da Cimeira do Euro serão dececionantes”, antecipa, ao Jornal Económico, Grégory Claeys, investigador no think-tank belga Bruegel. O especialista em política monetária e governance europeia realça que o encontro deverá apenas confirmar os compromissos alcançados na reunião do Eurogrupo, de 13 de junho.
Na meta da reforma da zona euro, a criação de um orçamento comum tem sido um dos instrumentos mais discutidos, com diversos apelos a consenso a chegarem de vários líderes europeus. Dois dias antes da Cimeira do Euro, Mario Draghi aproveitou o Fórum do Banco Central Europeu (BCE), em Sintra - e o último enquanto presidente da instituição - para deixar o recado: “Trabalhem, de forma mais alargada e com determinação renovada, num instrumento de estabilização de um orçamento comum, de tamanho e estrutura adequados”, defendeu.
O Eurogrupo já acordou que o “instrumento orçamental para a convergência e a competitividade” irá apoiar reformas estruturais e investimentos públicos.
No entanto, se na última Cimeira do Euro, em dezembro de 2018, ficou acordado que “as características do instrumento orçamental serão aprovadas em junho de 2019”, tal não irá acontecer. Os ministros das Finanças não chegaram a consenso sobre questões basilares, tais como a dimensão do orçamento e o modelo de financiamento e Centeno já chutou para o final do ano avanços nestes domínios. A possibilidade deste incluir uma função de estabilização macroeconómica está para já fora da equação.
“O que foi acordado [na última reunião do Eurogrupo] não é assim tão útil. Apenas replica basicamente o que já existe no orçamento da União Europeia”, considera Grégory Claeys.
É, neste sentido, que Olivier Blanchard, antigo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, apelou a que “o embrionário novo orçamento seja um ponto de partida, e não um ponto de chegada”.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico