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Nobel 2025 vai para os economistas do crescimento

Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt são os laureados . O Comité Nobel reconhece o seu trabalho em prol do crescimento económico impulsionado pela inovação.

O Prémio Nobel de Economia deste ano trata da pergunta mais importante em Economia: o que causa crescimento económico? O que se sabe hoje aponta para a inovação tecnológica. E muito do que se sabe deve-se ao trabalho de três economistas de nacionalidades diferentes, um norte-americano-israelita, um canadiano e um francês.
Joel Mokyr, 79 anos, professor na Universidade do Noroeste de Illinois, Peter Howitt, também de 79 anos, professor na Universidade Brown e Philippe Aghion, de 69 anos, professor no parisiense Collège de France e no INSEAD e na London School of Economics and Political Science, são os laureados com o Prémio Nobel da Economia em 2025.
O seu trabalho teve um papel decisivo para que percebêssemos a importância e os contornos do crescimento económico impulsionado pela inovação. Isso explica André Silva, professor de Economia da Nova SBE, ao Jornal Económico. “Um ponto importante da investigação desses autores é que, para haver inovação, é necessário que as pessoas criem novas tecnologias e que saibam usar as inovações que surgem ao longo do tempo. Isso vai além de dar subsídios à inovação”. Questões como a mobilidade e a capacidade das empresas encerrarem e abrirem negócios também são importantes para que haja crescimento económico, acrescenta.
Falamos de um conceito relativamente recente ao contrário do que possa parecer. “O crescimento económico era próximo de zero até há 300 anos”, diz André Silva. “Mesmo com as estradas dos romanos ou viagens transatlânticas, a população do mundo vivia perto da subsistência. Tudo mudou a partir de 1700”.
Metade do prémio, de 11 milhões de coroas suecas (cerca de um milhão de euros), foi concedida a Mokyr e a outra metade à dupla Aghion e Howitt.
“Mokyr estudou com dados históricos os fatores que levaram à revolução industrial. Aghion e Howitt estudaram analiticamente como o processo de inovação, com o abandono de tecnologias antigas e a adoção de novas tecnologias, pode levar ao crescimento económico sustentável ao longo do tempo”, adianta o professor da Nova SBE.
No contacto que esta segunda-feira manteve com o Comité Nobel, em Estocolmo, Philippe Aghion falou da diferença de riqueza que se aprofundou entre os Estados Unidos e a zona euro desde a década de 1980, apelando aos países europeus para não deixarem a China e os Estados Unidos monopolizarem a inovação tecnológica.
“Ficámos confinados a avanços tecnológicos médios, o que corresponde perfeitamente ao que o relatório Draghi explica, porque não temos as políticas e instituições adequadas para inovar no campo das altas tecnologias”, afirmou, citado pela Lusa. Talvez o Nobel possa funcionar como alavanca dessa mudança necessária.

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