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Anúncio da morte do bipartidarismo foi exagerado

Disputa fez-se entre PS e PSD que, juntos, têm 86% dos concelhos. André Ventura queria 30 câmaras; conquistou três. CDU perdeu sete, mas continua como terceira força autárquica.

As autárquicas de domingo, que o PSD venceu, mostraram que a morte do bipartidarismo, decretada em maio, foi manifestamente exagerada. Razão que levou José Luís Carneiro, secretário-geral socialista, a declarar que o “PS voltou como grande alternativa política ao Governo”, mesmo tendo perdido as eleições.
Contra as aspirações do Chega, partido que nas legislativas ultrapassou o PS em número de deputados, o poder local continua nas mãos de socialistas e social-democratas – 86% dos concelhos são laranja e rosa. Com 136 câmaras conquistadas, sozinho ou coligado, o PSD voltou a ser o maior partido autárquico, o que não acontecia desde 2009.
E é preciso recuar ainda mais para encontrar o último primeiro-ministro do PSDa vencer eleições locais. Foi em 1985 com Cavaco Silva, lembrou Luís Montenegro. “Isso dá-nos uma grande responsabilidade de não falhar.”
Foi uma vitória praticamente em toda a linha do PSD. ‘Roubou’ a liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias (Anafre). ao PS. Manteve a maior autarquia, num duelo entre a coligação de direita (PSD/CDS/Iniciativa Liberal) e a coligação de esquerda (PS/Livre/Bloco de Esquerda e PAN), liderada por Alexandra Leitão. “Os lisboetas disseram que querem mais Moedas”, enalteceu o autarca que, embora reforçado, ficou a um vereador da maioria.
O PSD saiu vitorioso também no Porto, depois de fechado o ciclo do independente Rui Moreira, numa disputa que colocou frente a frente o ex-ministro de Luís Montenegro Pedro Duarte e Manuel Pizarro, antigo ministro da Saúde de António Costa e candidato pela terceira vez na Invicta. Venceu em Sintra, doze anos depois, com uma coligação que juntou PSD, IL e PAN, comandada por Marco Almeida, contra a ex-ministra do Trabalho Ana Mendes Godinho (PS/Livre). Em Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes (PSD) regressa ao leme da autarquia doze anos.
O PS passou de 161 para 128 autarquias, mas preferiu olhar para o copo meio cheio. Destacou a vitória “hegemónica” no Algarve (11 câmaras contra duas do PSD, uma do Chega, uma da CDU e outra de independentes), onde havia preocupações “acrescidas com o crescimento da extrema-direita”. José Luís Carneiro reconheceu que “não alcançou todos os objetivos”, mas conquistou outros que estava “longe de imaginar”. “Era para muitos impensável podermos alcançar vitórias em capitais de distrito como Viseu e Bragança”, bastiões laranja. Os socialistas argumentam ainda que das 128 câmaras, em 126 o PS venceu-as sozinho, o que o PSDconseguiu em 78.
Já o Chega, ficou muito distante das 30 câmaras desejadas. Conseguiu três (Albufeira, Entroncamento e São Vicente, na Madeira) e falhou o “grande objetivo” de “quebrar novamente o bipartidarismo”. Ficou atrás da CDU, que apesar de ter perdido sete câmaras, alcançou 12.

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