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No meio do caos no setor, Trump suaviza tarifas sobre peças para automóveis

Comércio : Tal como a grande distribuição, o setor automóvel quis explicar a Donald Trump que as tarifas estão a colocar o negócio em perigo. Maiores construtores mundiais estão a rever em baixa as perspetivas de lucros para 2025.

Num contexto em que uma parte dos maiores fabricantes mundiais de automóveis revêm em baixa as perspetivas de lucros para 2025 – Mercedes, Stellantis, VW, Gerenal Motors, Volvo Cars, entre outros – o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suavizou o impacto das tarifas automóveis por via de uma ordem executiva que mistura créditos com isenção de outros impostos sobre peças e materiais. Depois dos grandes grupos de distribuição (Walmart e Target, entre outras), foi a vez dos construtores automóveis (onde Elon Musk, membro do governo, se inclui) pressionarem Trump para a evidência de que as tarifas estão a destruir os lucros previstos para o ano e a colocar em perigo o futuro das operações a médio prazo.
Refira-se que, no caso precisamente da Walmart e da Target, os dois grupos decidiram dar um passo em frente (ou ao lado, talvez) voltando a enviar ordens de compra aos seus fornecedores chineses. A expectativa é que Trump possa tomar uma decisão no sentido da redução das tarifas – apesar da mais recente troca de razões, com Washington a revelar que há negociações com Pequim e o governo chinês a negar qualquer contacto.
De volta ao setor automóvel, as mudanças nas tarifas de 25% impostas por Trump sobre veículos proporcionarão às construtoras créditos de até 15% do valor dos veículos montados no país. Esses créditos podem ser aplicados ao valor das peças importadas, dando tempo para que as cadeias de fornecimento voltem para os Estados Unidos. Essa é a expectativa da administração Trump, mas o setor duvida que se prepare algum grande êxodo dos construtores para os Estados Unidos. De qualquer modo, o plano da administração é permitir que os construtores automóveis importem peças isentas de impostos no valor de cerca de 3,75% do preço de venda dos carros produzidos internamente no primeiro ano e 2,5% no segundo ano – com o benefício a ser extinto no terceiro ano.
A Casa Branca disse que a mudança não afetará as tarifas de 25% impostas no mês passado aos 8 milhões de veículos que os Estados Unidos importam anualmente.
Suavizar o impacto dos impostos sobre automóveis é a mais recente medida de seu governo para mostrar flexibilidade nas tarifas que semearam turbulência nos mercados financeiros, criaram incerteza às empresas e provocaram temores de uma forte desaceleração económica – que Trump sempre desmentiu. Mas o primeiro relatório trimestral sobre o PIB norte-americano referente ao mandato de Trump, divulgado esta quarta-feira revela que o produto encolheu 0,3%, em contraste quer com o quatro trimestre do ano passado, em que cresceu cerca de 2,4%, quer com as previsões dos analistas (mais 0,3%). De qualquer modo, Trump tratou de rapidamente encontrar um culpado: Joe Biden.
Entretanto, o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse que fechou um acordo com uma potência estrangeira que deve aliviar permanentemente as tarifas de Trump. Lutnick não quis identificar o país, afirmando que o acordo está pendente de aprovações locais. “Tenho um acordo fechado... mas preciso de esperar a aprovação do primeiro-ministro e do parlamento”, disse.
Os níveis de importações dos Estados Unidos estão a cresceu praticamente em todas as frentes, refere a imprensa, uma vez que os importadores estão a tentar antecipar compras – como fizeram a Walmart e a Target – para escaparem ao regresso das tarifas quando a moratória de 90 dias findar. Os analistas indicam que, quando for possível fazer as contas aos três meses anteriores às tarifas, o défice comercial dos Estados Unidos poderá ter disparado para níveis nunca vistos.

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