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EUA tentaram colocar Canadá e México ‘offside’

Foi uma jogada de que ninguém estava à espera: a poucos dias de voltar a ser eleito, o republicano Donald Trump tratou de passar a dirigir-se ao Canadá como o 51º Estado dos Estados Unidos

Ninguém lhe deu grande crédito – até porque em causa parecia estar apenas o ‘ódio’ político que Trump nutria pelo primeiro-ministro canadiano à época, Justin Trudeau – mas o certo é que a retórica repetiu-se mal regressou à Casa Branca. Paralelamente, o novo presidente norte-americano ameaçava impor tremendas tarifas ao comércio entre os dois lados da fronteira norte – ao mesmo tempo que os canadianos organizavam um movimento ad hoc de boicote aos produtos dos EUA. Donald Trump sentia o mesmo ‘ódio’ político pela presidente do México, Claudia Sheinbaum, considerada qualquer coisa próxima de uma perigosa esquerdista. Com a fronteira comum muito permeável à passagem de droga e de imigrantes ilegais, o México foi igualmente brindado, meses mais tarde, com a imposição de tarifas às importações com forte impacto na produção industrial mexicana, quase toda ela fornecedora das fábricas norte-americanas. Não era nenhuma novidade que Trump considerava as relações económicas entre os três países penosamente comprometedoras dos interesses norte-americanos. Ainda no seu primeiro m andato, o presidente dos EUA tratara de impor a substituição do acordo NAFTA (entre as três nações em causa) por um novo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que o próprio Trump negociou e sancionou em janeiro de 2020, dizendo que o ‘velho’ NAFTA era uma “catástrofe” e um “pesadelo” para os Estados Unidos. Tudo acabou mais ou menos bem. Depois de um primeiro momento em que Claudia Sheinbaum deu mostras de querer contrariar as investidas de Trump, acabou por ceder em quase toda a linha, na tentativa (conseguida) de baixar os níveis das tarifas norte-americanas. A norte, a substituição de Trudeau por um PM mais liberal, Mark Carney, retirou tensão às relações políticas e diplomáticas, mas o Canadá mostra desde então um interesse aprofundado em fortalecer as relações com a Europa. Para os analistas, as relações entre as três nações estão longe dos entendimentos de outros tempos, mas deixaram de ser marcadas pela crispação que caraterizou as primeiras semanas do segundo mandato de Trump.

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