Skip to main content

EDP valoriza mais de 930 milhões e volta a ser a rainha da bolsa de Lisboa com novo plano estratégico

A cotada cortou no investimento, mas manteve intactas previsões para os lucros este ano e a meta de dividendos para 2026. Mudança de planos convenceu investidores e EDP regressou ao topo da bolsa de Lisboa.

Depois da apresentação do novo plano estratégico, a EDP voltou a ser a rainha da bolsa de Lisboa. A cotada ultrapassou a Galp na semana passada para voltar a ser a empresa com maior capitalização bolsistas no PSI.

A EDP fechou a semana passada a valer mais de 16 mil milhões de euros, com a ação valorizada em 3,846 euros. Em apenas duas sessões, a EDP valorizou 937 milhões de euros, com a EDP/EDPR a apresentarem novos planos estratégicos pelo meio.

Já a  EDP Renováveis fechou a valer 14,9 mil milhões de euros, com a ação nos 14,61 euros, tendo valorizado 911 milhões de euros nas duas últimas sessões. As duas cotadas da família EDP valorizaram quase 1.850 milhões de euros entre quarta e quinta-feira.

A Galp fechou a semana passada a valer 15,4 mil milhões de euros, com a ação nos 19,94 euros. A 23 de abril, a Galp tinha ultrapassado a EDP como a cotada mais valiosa em Portugal, depois de a petrolífera ter disparado em bolsa devido à descoberta de reservas de petróleo na Namíbia.

"Reagimos ao ambiente do mercado, com os preços de energia a caírem dramaticamente e as taxas de juro a manterem-se mais altas durante mais tempo, com o custo de capital mais elevado. Temos um balanço sólido, uma política forte de dividendos, vai ser um plano de crescimento forte", disse Miguel Stilwell d'Andrade na sexta-feira em entrevista à "Bloomberg".

A companhia reiterou a sua previsão de lucro para este ano: 1,3 mil milhões de euros (952 milhões em 2023), com as energias renováveis a pesarem 25%, a produção hídrica e retalho a pesarem 40% e as redes elétricas a pesarem 35%.

O gestor destacou a aposta nas redes elétricas no Brasil, prevendo um investimento de 4 mil milhões de reais até 2026 na expansão de redes de transporte e distribuição. Já a meta para o dividendo até 2026 ficou intacta: 20 cêntimos por ação. Até 2026, o lucro da companhia deverá estar entre os 1,2 a 1,3 mil milhões de euros.

Miguel Stilwell d'Andrade destacou "a robustez do balanço" da EDP com a mudança no plano estratégico que visa o "foco em projetos de topo", com destaque para a energia solar. "Temos um bom portfólio. Reconhecemos que o mercado mudou e atualizámos o plano até 2026", afirmou na call com analistas na sexta-feira.

Apesar do "custo mais elevado de capital", a EDP continua a prever o "aumento da procura", destacando o seu "track record muito credível" na sua "capacidade para entregar projetos".

A EDP anunciou um corte no investimento para 17 mil milhões de euros até 2026 face aos 19 mil milhões previstos anteriormente. O custo elevado de financiamento, com as taxas de juro em alta, e a queda nos preços da eletricidade levaram a companhia a mudar o seu plano.

Do total, 80% deste valor vai direto para os segmentos de renováveis, clientes e gestão de energia, com 20% a ir para as redes. Por geografia, 45% destina-se ao mercado da União Europeia, 33% para os EUA, 14% para o Brasil, e 7% para o resto do mundo.

“Atualização de plano 2024-26, altamente focado na optimização de capital e a robustez do balanço da EDP: desaceleração do investimento, com 17 mil milhões de euros de investimentos brutos entre 2024-26. Critérios de investimento disciplinados e seletivos, priorizando retornos sobre volume”, segundo a apresentação da EDP ao mercado.

Já a EDP Renováveis anunciou na quinta-feira um corte de três mil milhões de euros no seu investimento líquido face ao previsto no plano estratégico: 7 mil milhões de euros. A companhia prevê agora investir 4 mil milhões de euros nos próximos três anos em termos líquidos, menos 40% em relação ao  plano.

O investimento bruto em renováveis vai ser de 12 mil milhões de euros para o período 2024-2026, “preservando um balanço saudável”, com foco na melhoria de eficiência.

O Goldman Sachs (GS) anunciou na sexta-feira um corte do preço-alvo da EDP Renováveis (EDPR) de 17,5 euros para 17 euros. A recomendação mantém-se em ‘comprar’.

“Após 10 anos de aceleração consistente de Capex – e dois aumentos de capital – a EDP mudou a sua alocação de capital para proteger o balanço de aumentos nos custos de financiamento e o declínio nos preços de eletricidade mais rápidos do que o esperado. Acreditamos que o mercado vai receber bem esta atualização estratégica pois faz um reset das metas financeiras e operacionais, focando-se nos projetos com retorno mais elevado e mais auto-financiados”, começou por dizer o banco norte-americano na nota hoje publicada.

Recordando que o Capex vai cair de cinco gigawatts anuais para três gigawatts anuais, o GS destaca que o EBITDA para 2026 caiu dos três mil milhões para 2,4 mil milhões, com a meta de lucro a cair de 900 milhões para 700 milhões.

Parecer do GS? “Consideramos que o novo plano é viável: as nossas estimativas para 2026 ficam acima das estimativas” da EDP.

Os analistas destacam que a redução em nova capacidade vai permitir à EDP focar-se em “projetos de retorno mais elevado”. A empresa “vê um cenário mais competitivo (particularmente nos EUA), assim apoiando retornos mais elevados”, com destaque para os centros de dados e a vaga de eletrificação.

Até 2026, a EDPR está a planear manter a sua dívida financeira estável nos sete mil milhões de euros. “Por outras palavras, o plano parece ser autossuficiente em financiamento. Isto é possível pela redução significativa nos investimentos”.