O Banco BPI vai passar a cobrar uma comissão mais elevada nas contas pacote dos clientes que recebem ordenados mais pequenos. Se até agora atribuía uma bonificação no custo mensal deste serviço a todos os clientes com algum tipo de domiciliação de vencimento, agora coloca um valor mínimo de 500 euros para obter um desconto de três euros mensais. Quem abrir agora uma conta já terá de atingir esse patamar para pagar menos, mas todos os que têm contas pacote vão acabar por ser abrangidos pelas novas condições a partir de agosto. Nessa altura, transferências bancárias, cheques e cofres também vão ficar mais caros.
“Os valores mínimos do ordenado e das Ordens de Pagamento Recebidas (OPR) passam a ser de 500 euros/mês para ter a redução da comissão de manutenção de conta pacote por domiciliação automática de ordenado”, pode ler-se na alteração ao preçário, consultada pelo Jornal Económico, que vai entrar em vigor a 1 de agosto. Por exemplo, os clientes com Conta Valor BPI que tenham um rendimento superior a este montante vão ter direito a um “desconto” na comissão de manutenção, pagando 4,99 euros, mais Imposto do Selo (IS). Os restantes vão enfrentar um aumento de 60% nos custos, suportando 7,99 euros por mês, mais IS. Será a diferença entre pagar 59,88 euros e 95,88 euros por ano.
No preçário atual, o banco já refere que apenas considera domiciliação de ordenado quando o montante é, no mínimo, de 500 euros por mês para contas contratadas a partir de 1 de abril de 2024. Mas, a partir do verão, esta regra passa a ser aplicada a todos os clientes. Questionado sobre esta alteração, mas também sobre o aumento de custos de um conjunto de serviços, o BPI garante que vai impactar um número reduzido de clientes.
“O BPI ajusta periodicamente o preçário para refletir os custos do serviço. Neste caso, trata-se de um acerto pontual e com um impacto muito limitado em termos de operações e clientes abrangidos”, afirma fonte oficial, notando que, “apesar do contexto inflacionário, nos últimos dois anos o banco não efetua alterações relevantes nos serviços mais usados pelos clientes, mantendo uma oferta competitiva e ajustada ao mercado”.
É que além de definir um mínimo na domiciliação de ordenado para que os clientes possam ter uma bonificação, o banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa vai também subir, a partir de agosto, as comissões nas transferências a crédito intrabancárias (entre contas do mesmo banco), com pelo menos um interveniente em comum. Se, neste momento, os clientes estão isentos deste custo, a partir de agosto vão passar a pagar 1,70 euros se fizerem estas operações por telefone com operador. Sem operador, o preço é de 1,25 euros, ainda que os clientes com contas pacote estejam isentos deste custo.
Já no caso das transferências a crédito SEPA + (transferências entre contas de bancos diferentes) até 100 mil euros, os clientes terão de suportar um encargo de 6,5 euros, face aos atuais 5,5 euros, no caso de a transferência ser feita por telefone com operador, e de 1,25 euros se for sem operador, estando atualmente isentos deste custo.
Os adiantamentos de numerário a crédito feitos ao balcão, o chamado “cash advance”, dentro do espaço económico europeu também vão ficar mais caros. O banco vai passar a cobrar 4,25 euros, mais 4,50% sobre o valor, por este serviço, quando antes a taxa aplicada era de 4%. O mesmo acontece se o pedido for feito numa caixa automática, ou ATM, que passa a custar 3,75 euros, mais 4,50%.
Cheques e cofres mais caros
O BPI vai ainda agravar as comissões para quem precisar de pedir cheques. De acordo com a alteração ao preçário, o preço unitário por cheques cruzados à ordem e não à ordem nos módulos de 3, 5, 10, 20, 40, 45 e 60 cheques será de 3,30 euros. Isto significa, por exemplo, que quem pedir cinco cheques vai passar a pagar 16,5 euros, quando atualmente paga 15 euros, naquele que é um aumento de 10% nos custos.
Por outro lado, alugar um cofre também vai custar mais aos clientes, com a caução a agravar-se de 130 euros para 200 euros. Terão ainda de pagar mais para visitar o cofre, com a comissão a subir de cinco euros para 7,5 euros. “Quanto aos cofres, trata-se de um serviço com uma utilização residual”, realça fonte oficial do banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa.
O CEO do banco afastou, em fevereiro, alterações significativas ao seu preçário durante 2024, prevendo uma estabilização nos custos cobrados aos clientes pelos serviços prestados. “O preçário faz parte daquilo que é o funcionamento de uma casa comercial, que tem clientes, que compete” e eu “não compito apenas com bancos portugueses, mas também com bancos internacionais que não têm o mesmo level playing field”, afirmou o gestor durante a apresentação de resultados de 2023.
O presidente executivo admitiu ainda que “pode haver um ajuste numa coisa ou noutra”, nomeadamente para “motivar os clientes a utilizar outras ferramentas a custo zero”. Mas “globalmente, a ideia é haver uma manutenção nesse aspeto”, referiu. Esta posição foi assumida depois de a Caixa Geral de Depósitos ter afirmado que iria manter as suas comissões “congeladas” pelo segundo ano consecutivo, como forma de apoiar as famílias portuguesas num período de inflação ainda elevada.