Quando uma borboleta bate as asas numa fabricante neerlandesa de chips, detida por chineses, a Europa deixa de produzir carros. A decisão dos Países Baixos de assumirem o controlo da Nexperia ameaça ter consequências para o setor automóvel europeu.
A crise dos chips ameaça travar a produção nas fábricas automóveis nacionais, alertou esta quarta-feira a Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
“Os construtores estão a recorrer a stocks, mas terminados os stocks poderá ser problemático”, disse ao JE o secretário-geral da ACAP, adiantando que “para já, não há informação concreta” de produção nacional a ser afetada.
“O problema começou na Holanda, começou a ter repercussões colaterais, é um componente importante para outros componentes, e vai ter repercussões ao nível de vários produtores automóveis e fabricantes de componentes”, acrescentou Helder Barata Pedro.
“Poderá haver impacto nas próximas semanas ao nível das linhas de produção. É um problema muito político, estará a ser resolvido entre os vários governos, espera-se uma resolução a todo o momento”. Em Portugal, reforçou que “até ao momento não há indicação concreta na produção” automóvel.
Os dois maiores fabricantes nacionais afastam, neste momento, risco de paragem de produção. A fábrica da Stellantis em Mangualde, por seu turno, disse ao JE que está a “realizar a produção planeada” e “não há nenhuma indicação de que a questão dos chips afetará a sua atividade”. Esta unidade pesa 27% na produção total automóvel a nível nacional.
Por sua vez, a Autoeuropa disse na terça-feira que a produção está garantida até ao final da próxima semana, segundo o diretor-geral Thomas Hegel Gunther, citado pela “Lusa”. A fábrica da Volkswagen em Palmela é a responsável por mais de 70% da produção automóvel no país.
Mas a crise dos chips já fez a sua primeira vítima em Portugal. A produtora de componentes Bosch em Braga colocou em lay-off 2.500 trabalhadores devido à falta de componentes para produzir peças eletrónicas para automóveis.
Já a Associação Automóvel Europeia (ACEA) avisou que a crise de chips “piora a cada dia que passa”.
A ACEA disse estar “cada vez mais preocupada” com a iminente disrupção à produção automóvel europeia devido ao bloqueio no fornecimento de microchips “essenciais” à produção. O setor está a recorrer aos stocks, “mas as reservas estão a desaparecer rapidamente”.
Crise dos chips ameaça travar produção
                                                    
                    
                
                
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            Associação Europeia alerta que “a paragem de linhas de produção pode estar a dias de distância”. Fabricantes estão a recorrer a stocks, mas terminadas as reservas, “poderá ser problemático”.
