A diretora de Informação da Credibom é pragmática: “Temos a consciência clara de que o paradigma que nos deu sucesso até aos dias de hoje mudou”. É por esse motivo que instituição de crédito está a renovar a estratégia de abordagem ao consumidor e a investir na tecnologia, nomeadamente no armazenamento na nuvem (cloud).
Num horizonte a dois anos, provavelmente a maioria das aplicações da empresa – uma das mais conhecidas do sector em Portugal, a par com a Cofidis e a Cetelem – estarão na cloud, onde conta com parceiros como a Microsoft e a Amazon Web Services (AWS). Aliás, foi no encontro anual da AWS em Lisboa, no Centro de Congressos, que o Jornal Económico (JE) falou com a Chief Information Officer (CIO) da Credibom.
“Temos dois tipos de cloud: uma que veio da solução do grupo para as componentes de suporte ao trabalho colaborativo, como Teams ou Office 365, e, mais recentemente, para todas as componentes de gestão de projeto, associadas à nova way of work ["forma de trabalhar"]. Tudo o resto estamos a apostar verdadeiramente AWS nos pilares quer de sustentabilidade quer pela panóplia serviços em open source que mapeiam com os canais que tínhamos on-premise [software instalado na empresa]", conta-nos Cláudia Alho.
Segundo a CIO da Credibom, a empresa do grupo Crédit Agricole continua a manter on-premise – ou seja, nos tradicionais servidores – todas as aplicações core, que fazem a gestão do ciclo de vida dos contratos dos produtos e das “regras que mapeiam o ciclo de vida do produto”, bem como do canal dos clientes. No entanto, antevê que essa essa mudança, para uma VPC - Virtual Private Cloud, aconteça até ao final de 2024.
“Tudo o que é front-end applications, esperamos vir a conseguir fazer este movimento até ao final de 2025. É uma jornada longa. Aqui o desafio maior não é a componente tecnológica, ainda que traga novas funções, novas skills e conhecimento a ser dominado, mas o mais difícil é o modelo operativo que temos de construir para fazer todo este caminho com a devida segurança para a organização”, afirmou a especialista em tecnologia ao JE.
Há menos de duas semanas, a Credibom criou uma aplicação, em cloud AWAS, com novas funcionalidades, para permitir maior celeridade de serviço nos pontos de venda onde os consumidores se deslocam. “Teremos um dealer porter que será ibérico, não servirá só Portugal, mas também os parceiros no contexto ibérico, onde fazem o carregamento de todas as propostas até que o cliente final chega até nós”, sintetiza.
Segundo Cláudia Alho, o produto está a seguir uma lógica de desenvolvimento MVP - Minimum Viable Product com o objetivo será chegar à produção no primeiro trimestre do próximo ano, numa rota de crescimento semelhante ao Marketplace automóvel Pisca-Pisca. Atualmente, mais de mil parceiros utilizam este concorrente do Standvirtual e a plataforma digital contabiliza aproximadamente 40 mil carros usados, diz a gestora.
“A conjuntura económica e de taxas de juros dos bancos é preocupante para o estrangulamento da disponibilidade financeira das famílias. Não obstante, temos vindo a assistir a um ajustamento da procura dos carros usados, um ramp-up nos tais serviços de mobilidade", garante Cláudia Alho sobre a nova cultura de subscrição e utilização, que começou na televisão e na música e está a crescer, cada vez mais, nos automóveis.
"Estas gerações mais recentes, e as próprias empresas que se instalaram em Portugal, mais do que a política de atribuição do carro, querem apostar em serviços de voucher de utilização de Uber ou de outros meios de transporte sem essa aquisição”, argumenta Cláudia Alho.