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Bancos centrais não assustam bolsas

A postura gradualmente mais hawkish dos principais bancos centrais globais não travaram as subidas das bolsas.

O atual diagrama dot plot da Reserva Federal dos EUA (Fed) mostra três subidas de taxas de juro em 2022, uma postura que vai de encontro às expectativas dos mercados nos últimos meses, nomeadamente dos futuros das fed funds rate negociados na bolsa de derivados de Chicago que refletem também um primeira subida de taxas na próxima reunião The Federal Open Market Committee (FOMC) da Fed em 4 de maio de 2022, corroborando a pretensão da Fed de terminar o Quantitative Easing no primeiro trimestre de 2022.

Alguns investidores estariam à espera de uma correção dos mercados acionistas, mas diante deste comportamento esperado da Fed, as bolsas aproximaram-se de máximos históricos, nomeadamente o S&P 500.

O Banco de Inglaterra mostrou também um posicionamento mais austero e realizou a sua primeira subida de taxas desde finais de 2018. O Banco da Noruega, o primeiro a subir taxas em setembro passado, aumentou mais uma vez os juros em 25 pontos base. Todavia, o Banco Central Europeu (BCE) é, a par do Banco do Japão, o mais comedido numa postura mais hawkish da sua política monetária e não pretende subir taxas de juro em 2022, reforçando o seu programa regular de compras (APP) em 20 mil milhões de euros mensais para contrabalançar o encerramento das compras pandémicas (PEPP) em março do próximo ano, mantendo assim uma política relativamente dovish, apesar da projeção de uma inflação mais elevada. Mas as incertezas quanto à evolução da variante ómicron e a revisão em baixa do crescimento económico para 2022 pesaram mais na decisão do BCE e na permanência de uma política monetária expansionista.

Os bancos centrais seguirão o seu próprio caminho em 2022 e a postura do BCE diverge gradualmente dos principais bancos centrais mundiais, excetuando o Banco do Japão (BoJ) e o PBoC (Banco Popular da China). Se a perceção de uma maior divergência continuar, então o spread a 10 anos entre a treasury norte-americana e a bund alemã tenderá a subir e o euro poderá ser pressionado face ao dólar.

Os dados da inflação têm subido nas economias avançadas e ameaçam o comportamento do mercado acionista. Os preços no produtor nos EUA subiram mais do que o esperado em novembro e também pressionaram a Fed a uma redução mais rápida das compras de ativos.

Novos casos de Covid-19 no Reino Unido atingiram um recorde pelo segundo dia consecutivo na quinta-feira. A rápida propagação da variante ómicron tem penalizado o sentimento dos investidores e algumas perdas têm sido lideradas pelas grandes tecnológicas. A fabricante do iPhone, a Apple, referiu que exigirá aos seus clientes e funcionários o uso de máscaras nas suas lojas de comércio de retalho nos EUA à medida que os casos de covid-19 aumentam. Cerca de dois terços das ações do Nasdaq foram negociadas abaixo da média móvel de 200 dias, de acordo com dados do Refinitiv, sugerindo que muitas ações dentro do índice esforçam-se para manter a tendência de alta, mesmo com o índice geral Nasdaq a apenas cerca de 6% abaixo do seu máximo histórico de novembro.

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