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Bancos brasileiros reforçam presença em Portugal

BTG Pactual, Itaú Europa, Banco Genial, Banco Master, Banco do Brasil, SPX Capital, XP Investimentos, Mercado Bitcoin, Capitual, são algumas das instituições financeiras brasileiras que estão a apostar em força no mercado português. Os bancos e as gestoras de ativos estão a seguir o rasto dos imigrantes brasileiros em Portugal.

BTG Pactual, Itaú Europa, Banco Genial, Banco Master, Banco do Brasil, SPX Capital, XP Investimentos, Mercado Bitcoin ou Capitual são algumas das instituições financeiras brasileiras que estão a apostar em força no mercado português. Os bancos e as gestoras de ativos estão a seguir o rasto dos imigrantes brasileiros em Portugal.

Os motivos são simples: Portugal é uma ótima opção para instituições brasileiras pelo dinheiro, pela facilidade da língua e pelo mercado de crédito.

Por outro lado, os clientes brasileiros de alto rendimento estão a assumir um papel relevante na gestão de patrimónios em Portugal. A prova disso é a preponderância de clientes brasileiros nos bancos especializados em wealth management, como a sucursal portuguesa do suíço EFG Bank.

Segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal (SEF), os brasileiros mantêm-se em 2022 como a principal comunidade estrangeira residente em Portugal, num total de 233.138 pessoas, 28.444 mais do que em 2021 (13%),

Em julho de 2022 o BTG Pactual, um dos maiores bancos da América Latina, obteve o aval do supervisor para mais um passo na sua internacionalização, a abertura de uma corretora em Lisboa, a BTG Pactual Portugal. Com escritório na Avenida de Liberdade o banco brasileiro BTG Pactual tem vindo a reforçar a sua presença no mercado português, tendo recentemente sido noticiado que se juntou ao fundo de António Esteves e do grupo Atrium, o Fortitude Portugal Special Situations Fund, um fundo que quer investir no mercado português no sector empresarial privado, com co-investidores experientes e quer captar até 500 milhões de euros.

Outro banco relevante no Brasil é o Itaú, que voltou a ter a sede europeia em Portugal. O Itaú BBA International - operação europeia dedicada ao segmento de corporate & investment banking, com foco no apoio à atividade cross-border de empresas europeias e latino-americanas - voltou a ter sede em Portugal, depois de, em 2012, ter mudado a sede para o Reino Unido, a seguir a ter vendido a posição que detinha no BPI aos espanhóis do La Caixa.

O banco regressou a Portugal devido ao Brexit. O Itaú BBA Europe está agora localizado na torre 3 das Amoreiras, em Lisboa, e conta com uma equipa de mais de 80 pessoas.

Também o Banco Plural, um banco brasileiro com foco nas operações estruturadas de financiamento, assessoria financeira, asset management e gestão de património, está de olho no mercado português. A Genial Investimentos – braço de corretagem, gestão de ativos e de fortunas do banco de investimento Brasil Plural – avançou para a compra da corretora portuguesa Luso Partners. Em 19 de agosto de 2022, a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) confirmou a autorização da aquisição da empresa pela Brasil Plural Holdings LLC que já tem 99,32% da corretora portuguesa.

O Banco do Brasil é outra instituição brasileira que aposta no mercado português. Depois de ter feito um reposicionamento estratégico em que limitou a sua atuação às empresas que tenham alguma relação com o Brasil, o Banco Brasil está a reforçar as equipas em Portugal, segundo fontes do mercado. Portugal é um dos seis países europeus que contam com a presença da instituição.

Também a XP Investimentos, maior corretora independente do Brasil e grande gestora de patrimónios brasileira, que em 2022 teve lucros equivalentes a 680 milhões de euros, abriu em Lisboa um escritório vocacionado para gestão de fortunas de clientes de altíssimo rendimento.

A XP Private está na Rua Castilho, em Lisboa, com uma operação de gestão de patrimónios.

O Grupo XP no Brasil, desde 2019, tem um banco, o Banco XP, que ainda não está em Portugal.

Um dos maiores investidores institucionais em Portugal é a gestora de ativos brasileira SPX Capital. Em outubro de 2021 e depois de se ter tornado proprietário do projeto The Keys, o investidor SPX – International Asset Management fechou negócio com a Caixa Geral de Depósitos com a intenção de reforçar a sua presença num empreendimento do Algarve, onde adquiriu créditos hipotecários garantidos por ativos para promoção de habitação turística. Em causa estão créditos hipotecários garantidos por dois terrenos para promoção imobiliária que ocupam uma área total de 7,6 hectares dentro do resort algarvio Quinta do Lago.

A SPX – International Asset Management adquiriu o The Keys, projeto residencial inserido na Quinta do Lago, por um valor superior a 95 milhões de euros em Novembro de 2020.

Também a SPX Capital negociou com o fundo King Street a compra do empreendimento de luxo Palmares – Ocean Living and Golf em Lagos, gerido pela espanhola Kronos Homes, no fim do ano passado.

A SPX, sigla que significa simplesmente Schneider, Pandolfi e Xavier, apelidos dos seus fundadores, é hoje uma das maiores gestoras de fundos independente do Brasil. Em 2022 foi noticiado pelo jornal Globo que a gestora SPX Capital, de Rogério Xavier, estava a reestruturar as suas operações na Europa. Isto é, estava a emagrecer a sua operação no Reino Unido e a reforçar em Portugal. A SPX Capital escolheu Cascais para assentar em Portugal.

Outro banco brasileiro que olha para Portugal é o Banco Master que acordou a compra do BNI Europa no fim de 2021.  O Banco Master, nessa altura, anunciou a compra de 100% do capital do Banco BNI Europa. O processo faz parte de uma expansão da instituição, que passará a operar na Europa. "Com a aquisição do BNI Europa, o nosso objetivo é fazer do Master o banco dos brasileiros na Europa”, disse Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, à CNN Brasil

A compra, que aguarda o aval do BCE e Banco de Portugal, foi assinada em dezembro de 2021 com os angolanos do BNI. Os brasileiros do Grupo Master pagaram 8,5 milhões de sinal ao angolano BNI para a compra do BNI Europa que injectou o dinheiro no banco português. O sinal que foi pago tem como garantia as próprias ações do BNI Europa.

Ao contrato de compra e venda para a venda do BNI Europa, assinado a 26 de Novembro de 2021, seguiu-se uma auditoria específica técnica, legal e financeira (a chamada due dilligence), que acabou a 10 de Dezembro desse ano. Três dias depois, o grupo brasileiro pagou o sinal, de 8,5 milhões de euros, mais de dois terços do total de 13 milhões de euros em que foi acordada a compra, tal como avançou o Expresso. Os restantes 4,5 milhões de euros do montante acordado na transação serão pagos pelo grupo brasileiro "após a aprovação da operação pelas autoridades competentes [os bancos centrais em cada país]". A operação era esperada para este ano, mas ainda não há luz verde do supervisor bancário.

O que há a reter é que o Banco Master, que negoceia também com a comissão liquidatária comprar o Banif Brasil, quer ter um hub em Portugal.

Para além dos bancos tradicionais e das gestoras de ativos, Portugal também parece ser atraente para as corretoras de criptoativos brasileiras.

O “grupo Capitual” anunciou que quer ter sede em Lisboa, tal como revelou ao Jornal Económico Guilherme Nunes, CEO do criptobanco brasileiro, em fevereiro deste ano.

A administração da empresa financeira brasileira Capitual reconheceu na altura estar em negociações com bancos portugueses para estabelecer parcerias para operar em Portugal como banco digital híbrido.

Também a Mercado Bitcoin entrou em Portugal. No início do ano passado,  a brasileira 2TM, dona da Mercado Bitcoin Brasil e mais cinco empresas compraram a corretora portuguesa Criptoloja, liderada por Pedro Borges, para iniciar a expansão das operações para a Europa. Este ano, a Criptoloja passou a denominar-se Mercado Bitcoin Portugal.

Por fim, também as seguradoras brasileiras querem reforçar parcerias com empresas portuguesas. O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) do Brasil, que se reuniu na semana passada, em Lisboa, com o seu homólogo português, o Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS) José Galamba de Oliveira, disse à Lusa que “há muito espaço” para negócios e cooperação no setor entre os dois países.

A CNSeg representa 160 seguradoras brasileiras.