Skip to main content

‘Aterragem suave’ no horizonte, mas ainda não é garantida

Perspetivas: A economia global permanece resiliente, com um crescimento revisto em alta pelo FMI e uma inflação a abrandar quase tão rapidamente como subiu. Mas o processo desinflacionista pode ser o que mais tempo demorará por causa de tensões geopolíticas.

A possibilidade de uma ‘aterragem suave’ tem sido colocada como um objetivo pela Reserva Federal norte-americana e, apesar de o Fundo Monetário Internacional (FMI) concordar que essa é uma hipótese real, vários analistas alertam que o caminho ainda não está concluído. A inflação continua a dar sinais de persistência, estando ainda acima do objetivo de médio-prazo da maioria dos bancos centrais ocidentais, e o cenário geoestratégico é um risco, dadas as tensões entre países e as eleições que levaram mais de metade da população mundial às urnas.
Ficam ainda alertas de que os mercados emergentes serão o motor do crescimento global, mas também a maior fonte de incerteza, numa altura em que o FMI reviu a projeção para o crescimento global este ano em alta, apontando a mais 0,1 pontos percentuais (p.p.) do que na anterior estimativa, ou seja, 3,2%, devido sobretudo a um maior dinamismo económico dos Estados Unidos e esperando que a economia mundial cresça a esse mesmo ritmo até 2025.

Os Estados Unidos têm um crescimento projetado de 2,7% em 2024, e de 1,9% em 2025, enquanto a Zona do Euro deverá recuperar menos do que o previsto ao encolher o crescimento económico de 0,8% em 2024 e de 1,5% em 2025, cortando as projeções para os países da moeda única em 0,1 ponto percentual (pp.) e em 0,2 pp, respetivamente, face ao relatório de janeiro. Ainda assim, a taxa de crescimento de 0,8% este ano significa uma recuperação face aos 0,4% em 2023, em grande parte resultado do impacto da guerra na Ucrânia.
Apesar do menor otimismo em relação à maior economia europeia, o FMI sinaliza, no entanto, “melhorias em várias economias mais pequenas, incluindo a Bélgica e Portugal”. No caso da economia portuguesa, projeta que cresça 1,7% este ano (melhorando os 1,5% previstos em outubro). Um valor abaixo da mais recente previsão do Banco de Portugal de 2%, mas acima da previsão no OE2024, de 1,5%, e que o Governo replicou no Programa de Estabilidade entregue esta semana no Parlamento. E antecipa que Portugal acelere o crescimento para 2,1% em 2025, inferior aos 2,3% previstos pelo BdP, mas acima dos 1,8% da Comissão Europeia ou dos 1,9% do CFP.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico