Não é a primeira espanhola de nascimento que tenta chegar longe na chauvinista política caseira gaulesa – o ex-primeiro-ministro Manuel Vals, um catalão, faz disso prova viva sem ter de se ir aos compêndios de História Medieval – mas a atual ‘maire’ de Paris propõe-se não só chegar à Presidência da República francesa, como, antes disso, produzir o verdadeiro milagre de fazer renascer o Partido Socialista francês das cinzas onde o ex-Presidente François Hollande o deixou vai para quatro anos. Não será nada fácil, dizem alguns analistas – será impossível, dizem outros, entre eles se contando o comentador Francisco Seixas da Costa. Mesmo assim, num partido onde as figuras políticas de topo primam pela ausência, Anne Hidalgo não é propriamente uma má aposta: com obra feita em Paris mas também em três gabinetes ministeriais por onde andou entre 1997 e 2002, a espanhola de nascimento (os país refugiaram-se em França depois da Guerra Civil Espanhola de 1936/39) não só conseguiu colocar o seu partido a liderar a capital francesa desde março de 2014 como teve artes de lá o manter.
E se os socialistas não se têm dado mal com as eleições regionais e municipais – cujo sistema parece uma anedota antes de, por ser real, passar a ser um drama para qualquer leigo que queira entendê-lo – o certo é que na frente nacional a sua prestação dificilmente podia ser pior. O partido ainda não se pronunciou oficialmente sobre a sua candidatura, mas tudo indica que, não proliferando candidatos com um mínimo de possibilidades de vitória, acabe por alinhar o partido atrás de si.