De Silicon Valley para o centro de Lisboa. A empresa de cibersegurança norte-americana Netskope vai abrir um escritório em Portugal no próximo mês de junho para reforçar a aposta no mercado português, avançou ao Jornal Económico (JE) o recém-nomeado country manager, que transitou da Palo Alto Networks, cotada em Wall Street.
“Chegaram à conclusão de que era preciso dar o passo seguinte. A presença local para os clientes maiores é importantíssima. Ou seja, saberem que nos podem ligar e conseguimos estar lá em umas horas a ajudar a resolver os seus problemas e situações de crise dá um conforto grande. Tem de haver este acompanhamento e relação próxima para o sucesso da marca e da tecnologia”, explicou Paulo Vieira, que antes da Palo Alto Networks esteve quase uma década na israelita Check Point.
O novo escritório de Lisboa põe fim à gestão do negócio português além-fronteiras, uma vez que há cerca de quatro anos que o mercado nacional estava sob tutela de Espanha (Madrid e Barcelona). Em termos de distribuição do software em Portugal, continuará na alçada da Exclusive Networks Portugal, que representa a marca em exclusivo, e tem mais 20 integradores.
Por enquanto, a Netskope Portugal tem apenas três pessoas. “Esperamos vir a ter muitas mais nos próximos tempos. Não temos métricas definidas, porque será à medida do crescimento do negócio. Neste momento, vemos o aumento do negócio da cibersegurança no mercado português, porque há uma awareness [consciência] muito maior que existia há uns anos. A empresa está numa fase plena de crescimento com uma visão para todo o mundo”, afirma Paulo Vieira ao JE, clarificando que não está autorizado a apresentar detalhes quantitativos.
Numa entrevista à revista de informática norte-americana “CRN”, o CEO da Netskope, Sanjay Beri, disse que, historicamente, a empresa com sede em Santa Clara (Califórnia) tem crescido cerca de 50% ao ano. No início do ano passado, a Netskope levantou 401 milhões de dólares (cerca de 369 milhões de euros) numa ronda de investimento em notas convertíveis, mas a última avaliação da tecnológica indicava 7,5 mil milhões de dólares (na ordem dos sete mil milhões de euros) em 2021, quando foi colocada entre os unicórnios da cibersegurança mais valiosos.
“Vemos muita procura dos clientes pela Inteligência Artificial (IA), que entrou na vida das empresas para acelerar e trazer valor. O problema é que elas também não estão a ver formas de existir posto de controlo e garantir segurança nessa entrada da IA generativa. É aqui que atuamos, como o fabricante da parte responsável de IA, ativando mecanismos de segurança para fazer com que essa robotização é feita uma forma segura e concisa”, diz ainda o country manager em Portugal.
A Netskope Portugal terá também um novo ponto de ligação à cloud privada Netskope NewEdge - Secure Access Service Edge (SASE) com centros de dados em mais de 70 países – e junta-se às três já existentes na Península Ibérica (duas em Madrid e uma em Barcelona). “Neste contexto do remoto e do trabalho híbrido, operamos na transformação digital dos nossos clientes para garantir que em qualquer sítio, casa ou escritório, onde que estejam os dispositivos têm o mesmo nível de segurança. É o objetivo da nossa tecnologia, um serviço de segurança na cloud, que não está tanto focado nos equipamentos e hardware”, acrescenta Paulo Vieira.