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“A irmã”, ou o que sabemos nós sobre a vida?

Neste livro imenso, que sucede ao elogiado “As Velas Ardem até ao Fim”, Sándor Márai aborda temas que desde sempre inquietam o ser humano, como a vida, a morte, o sofrimento ou o amor.

O escritor húngaro tece a sua história em torno destes desassossegos centrando a trama na vida de Z., pianista de renome internacional, que no auge da sua carreira de pianista e compositor, recebe um convite do governo italiano para dar um concerto em Florença. O convite é formalizado através do embaixador, que Z. conhecia através da casa de E., uma das casas do “círculo fechado” da alta sociedade que ambos frequentavam.
Há muitos anos que Z. mantinha uma peculiar relação com E. e o marido. Havia mesmo quem especulasse sobre um triângulo amoroso: um artista célebre, uma mulher culta e bela, e um marido diplomata já com uma certa idade. Até que ponto não seria esse o raciocínio do embaixador? Até que ponto não seria essa a razão do convite para aquela viagem e concerto?

Z. aceita o convite e, depois de se aconselhar junto de E. e do marido, parte para Florença.
A guerra ainda está longe. Os jornais noticiam a queda de Varsóvia. O comboio aproxima-se da fronteira italiana, Z. é acordado de madrugada e mergulha numa profunda tristeza.
Já em Florença, onde é recebido com todas as honras, recolhe ao quarto de hotel onde se sente amarguradamente só no universo, a tentar perceber o que lhe aconteceu no comboio.
À noite, e durante todo o concerto, não conseguia descortinar se tocava bem ou mal... A angústia era imensa. No final da atuação foi assolado por dores tremendas. Levaram-no para o hospital.

Diagnóstico? Uma doença viral que, além de dores terríveis, o iria afastar dos palcos por tempo indeterminado. Alguém lhe diz que a doença será “uma prova de paciência”. Um dia ficará curado...
Seguem-se três meses de internamento e de contacto diário com a equipa médica, enfermeiros e assistente incluídos. As conversas que irá manter com o médico serão particularmente estimulantes para Z..
Durante o seu lento processo de recuperação, o leitor faz uma viagem profunda pela mente de Z., por vezes refém do delírio causado pela morfina. Um voz feminina, que sussurra ao longe, pede-lhe que não morra. Será esta a sua tábua de salvação, aquela que o levará a pôr tudo em causa e que mudará o curso da sua história.

“A vida é um veneno, quando apenas serve para a vaidade, a ambição e a inveja...”, como murmura Z. a dada altura. n

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