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Web Summit: "Não queremos um mundo em que seja absolutamente necessário trabalhar só para sobreviver"

"Qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, pode aprender qualquer coisa", defendeu Albert Wenger, Managing Partner da Union Square Ventures, no primeiro dia da Web Summit 2023. A educação figura-se, assim, como um dos mercados emergentes para o capital de risco. 

Albert Wenger, managing partner da Union Square Ventures, representou o sector do capital de risco no primeiro dia da Web Summit 2023, destacando o potencial do "investimento na aprendizagem" para este mercado.

"Na Union Square Ventures, temos uma longa história de investimento na aprendizagem. Acreditamos que tornar o conhecimento amplamente acessível às pessoas é realmente importante", afirmou o responsável da Union Square Ventures, cuja lista de empresas  nas quais tem capital integra o Duolingo e a Brilliant (ciência).

Insistindo na ideia de que "qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, pode aprender qualquer coisa", como a pandemia veio provar, Wenger mostra que a educação se figura como um dos mercados emergentes para o capital de risco. 

Lucinda Shen, Fintech Reporter Axios e responsável por nortear a conversa, levantou uma das visões de Albert Wenger sobre o mundo do trabalho, alavancada no potencial do "progresso tecnológico", como o demonstra no livro "The world after capital", lançado em 2021.

Wenger defende ativamente o Rendimento Básico Universal (RBI), estando inclusivamente a trabalhar num projeto experimental em Hudson, juntamente com Andrew Yang.

Em números, o projeto-piloto garante, mensalmente, 500 dólares a 128 pessoas durante cinco anos. "Tem sido verdadeiramente transformador para a vida das pessoas", afirma.

"Penso que, em termos gerais, não queremos ter um mundo em que temos absolutamente de trabalhar para sobreviver. Se somos tão avançados tecnologicamente, como somos hoje, deveríamos estar a criar um mundo em que, se o que queremos fazer é cuidar de animais ou restaurar a natureza, podemos fazê-lo e continuar a viver. Penso que este é o compromisso do progresso tecnológico", explicou o responsável da empresa norte-americana de capital de risco sediada em Nova Iorque .

"Aprecio muito a automatização, e quero muita e muita automatização, mas também gosto muito da ligação humana e do elemento humano. Por isso, queremos usar a automação o mais possível, para podermos criar o máximo de oportunidades para os humanos", justificou, durante a sessão  "The great Reset: The VC Market in 2024", acrescentando que, "quando se fala de IA, fala-se muitas vezes do medo de perder o emprego", sendo "suposto falar-se de um mundo em que trabalhamos com coisas que nos entusiasmam".

Passando pela Inteligência Artificial (AI), o investidor abordou as duas perspetivas "upstream regulation" vs "permissionalist innovations".

"A IA não é um jogo de futebol Não tens de escolher a tua equipa favorita. Ambas as equipas podem estar erradas. Pode haver caminhos intermédios que são difíceis de encontrar, mas que são muito mais gratificantes e é exatamente isso que temos de promover aqui", considerou.

"Por isso, penso que esta ideia de que é preciso escolher uma tribo e que se dissermos algo ligeiramente diferente do que a nossa tribo quer que digamos, é uma espécie de "estás connosco ou estás contra nós". Temos de ultrapassar essa mentalidade. E penso que, atualmente, a tecnologia está profundamente presa a essa mentalidade. Considero-a como uma espécie de tribalismo pouco correto, que não nos ajuda em questões simples. Há definitivamente um modo de falha em que se dá ao governo uma enorme quantidade de poder, e o governo regula quem pode fazer o quê com a IA. É muito mau, não queremos este resultado", defendeu.

A 7.ª edição da Web Summit, que decorre entre os dias 13 e 16 de novembro, ficou marcada por uma onda de cancelamentos decorrente das declarações de Paddy Cosgrave sobre a situação no Médio Oriente.

Robert Habeck, vice-chancelar da Alemanha, era um dos convidados da área política do evento, tendo feito cair o painel "Germany’s path to progressive future" ao anunciar, na semana passada, a sua ausência do evento.

Os números mais recentes da organização dão conta de 70.236 participantes de 153 países, com 2.608 startups a participar no programa de startups, um número recorde de inscrições, com 38% de oradoras do sexo feminino, o que também representa um máximo histórico.

A participação de Albert Wenger soma-se às dezenas ou centenas de outras aparições de representantes de várias áreas da tecnologia - IA, realidade aumentada, startups, entre outras - esperadas nos próximos dias que, vindo dos vários cantos do mundo, dão corpo à  àquela que é considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo.