O 23º primeiro-ministro do Canadá – de quem o presidente Joe Biden disse algures que “o mundo está melhor por causa dele” – Justin Trudeau, chegou ao topo da hierarquia política do país aos 41 anos e deixa-a agora aos 53, muitos meses depois de os analistas mais esclarecidos e os inimigos políticos menos benevolentes a terem antecipado. Envolvido numa crise política que se misturou inevitavelmente com a crise interna no ‘seu’ Partido Liberal, Trudeau – que liderou um país cujo chefe de Estado é o monarca britânico (Carlos III, no caso), tendo de se haver com um governador geral (Mary Simon, no caso) – deixa um legado extenso. Já que mais não fosse, porque esteve no comando executivo do país durante quase 10 anos.
Quando Trudeau anunciou a sua candidatura à liderança do Partido Liberal (em outubro de 2012), a formação colecionava desilusões eleitorais e passava por uma espécie de crise de identidade, depois de ter sido o partido político canadiano mais bem-sucedido do século XX. A principal formação da oposição, o Partido Conservador, preparava-se para uma larga (quanto possível) permanência no poder, o que acabou por não acontecer, devido em grande parte à ‘lufada de ar fresco’ que a juventude e o cosmopolitismo de Trudeau transmitiram ao país – apesar de ser apresentado pelos críticos como o filho famoso e mais ou menos preguiçoso de um ex-primeiro-ministro (Pierre Trudeau).