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Subida dos preços da energia afeta competitividade do sector

A CAP sugere medidas para o problema da energia, mas reitera que os agricultores manterão a resiliência mostrada em 2020.

Também no sector agrícola os efeitos da subida recente dos preços dos combustíveis e da energia são uma ameaça à sua competitividade, dada a estrutura de custos. De acordo com Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura, a atividade agrícola em Portugal registou um peso da energia e lubrificantes entre 7,1% e 7,6% dos custos intermédios, sendo que os custos de energia representam entre 25% a 30% do total dos encargos culturais. A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) destaca a incerteza que este cenário coloca sobre o sector, sugerindo ao Governo que tome medidas para abordar este problema.

Apesar da resposta dada pelo sector agroalimentar à crise pandémica, a confederação que representa os agricultores portugueses lembra que “isso não pode significar uma imunidade em relação a possíveis aumentos de preços, derivados dos fatores externos de produção, ou em relação a perturbações nos mercados internacionais que possam afetar as nossas exportações e a própria recuperação da economia nacional “.
Entre estes destaca-se a atual subida nos preços da energia e dos combustíveis, que tem alarmado vários sectores da economia. Neste capítulo, a indústria agroalimentar portuguesa não foge à tendência, com o líder da CAP a antecipar que estas subidas “terão inevitavelmente reflexo no ano de 2021”.
“Nestas matérias, se o Estado intervier com ajustes expressivos à carga fiscal, os efeitos nefastos sobre os custos de produção e respetivo reflexo nos preços aos consumidores poderão ser aligeirados”, defende Eduardo Oliveira e Sousa, ressalvando, no entanto, que a produção nacional continuará a mostrar a “resiliência” que lhe permitiu crescer num ano de pandemia.

Parte deste crescimento deu-se pela capacidade de alcance de novos mercados e geografias onde as exportações portuguesas raramente chegavam há cerca de uma década. Espanha mantém o seu lugar como principal destino dos produtos agrícolas nacionais, e, apesar do decréscimo dos valores exportados para o Brasil, França e Países Baixos, o segundo e quarto países que mais compraram a Portugal, aumentaram no acumulado entre janeiro e setembro deste ano, comparando com 2020 e 2019.
Analisando um prazo mais alargado, verifica-se que o ritmo de crescimento das exportações intracomunitárias foi “sustentadamente crescente”, descreve o boletim do GEE e GPEARI, chegando em 2020 a 121% do registado em 2016. No que respeita às vendas para fora da UE, estas mostraram uma trajetória mais indefinida, oscilando, de 2017 a 2020, entre 107% e 111% do registado em 2016.

Para Eduardo Oliveira e Sousa, é necessário assegurar condições favoráveis para os produtores nacionais poderem continuar a reforçar a sua competitividade internacional. Por isso, deve ser tomada atenção “em termos de acesso a fatores de produção como água, energia, carga fiscal e administrativa adequada”, concretiza, de forma a manter a trajetória de crescimento trazida de um ano difícil para a economia global.
“A agricultura portuguesa, como se sabe, resistiu bem aos efeitos da pandemia, pelo que, nesse aspeto, não há razões para pensar que 2021 seja diferente do ano anterior”, perspetiva.

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