A Saudi Telecom está empenhada em vencer a corrida à compra da Altice Portugal.
Para aumentar as hipóteses de sucesso, a empresa estatal árabe está à procura de um parceiro português, apurou o Jornal Económico junto de fonte ligada ao processo. Até já terão sido iniciados contactos com grupos empresariais portugueses.
Na lista de potenciais parceiros para formarem consórcio com a Saudi Telecom, segundo as fontes do JE, está o grupo Amorim, presidido por Marta Amorim, e a família Queiroz Pereira. Mas fonte oficial do Grupo Amorim, questionada, disse que “a notícia de negociações com a Saudi Telecom não tem fundamento”.
A avaliar por estas declarações, aparentemente o negócio não interessa ao grupo que tem a Corticeira Amorim, a Amorim Luxury e a Amorim Energia. Também poderá haver contactos com o grupo da família Queiroz Pereira que detém, entre outras empresas, a Semapa e a Navigator, mas fonte do grupo não confirma.
A Saudi Telecom procura assim contornar algumas limitações competitivas que possam surgir aos olhos das autoridades europeias, pelo facto de ser uma empresa estatal saudita,
Em Portugal, o Governo tem a possibilidade de intervir na venda da Altice Portugal ao abrigo do Decreto-Lei nº 138/14 de 15 de Setembro, que estabelece um regime de salvaguarda dos ativos estratégicos essenciais para a garantia da segurança pública.
De qualquer maneira, o atual Ministério das Infraestruturas e Habitação, liderado por Miguel Pinto Luz, ainda não foi contactado nem pelos representantes da Saudi Telecom, nem pela Altice de Patrick Drahi, dona da Altice Portugal, sabe o JE.
O anterior Governo tinha admitido publicamente que considerava a Altice Portugal um ativo estratégico, designadamente, na área das comunicações.
O então secretário de Estado da Digitalização e Modernização Administrativa, Mário Campolargo, considerava a dona da MEO “um ativo estratégico com importância para a soberania nacional”, tendo dado o exemplo da “importância dos cabos submarinos, as antenas e satélites e ainda os serviços de emergência, como o SIRESP”.
A venda da Altice Portugal carece de autorizações de vários reguladores, desde a Concorrência (incluindo a DG Comp europeia), aos reguladores das telecomunicações, passando pela Autoridade Nacional de Segurança (ANS), por causa dos cabos submarinos.
A Saudi Telecom tem sido a candidata mais empenhada em comprar a Altice Portugal, que detém a MEO, e ofereceu o preço mais alto. Na assessoria deste negócio conta com o banco Morgan Stanley (assessoria financeira) e com a sociedade de advogados PLMJ.
De fora do processo competitivo ficou o grupo Iliad, do milionário francês Xavier Niel, responsável pela operadora Free em França. A saída da Iliad levou o grupo Altice a alargar o prazo para a apresentação de ofertas vinculativas (binding offers) pela Altice Portugal, sem estipular um limite. Por causa disso o Warburg Pincus voltou a ser contemplado como hipótese na corrida para a compra da Altice Portugal, tal como noticiou o “Jornal de Negócios”. Mas até agora não houve grandes movimentações por parte do fundo norte-americano, que apareceu em consórcio com a Zeno Partners, com o apoio de António Horta Osório. Chegou ainda a falar-se da possibilidade de Horta Osório, perante a desistência do consórcio liderado pelo Warburg, passar a ajudar a Saudi Telecom na proposta de compra da ex-Portugal Telecom, mas esse rumor não se confirmou até agora.
O processo está em fase de due diligence. Os bancos de investimento Lazard e BNP Paribas foram mandatados para encontrar compradores para a empresa dona da MEO, em setembro do ano passado. O processo de venda da Altice Portugal recebeu dezenas de manifestações de interesse e culminou com três candidatos a entregarem propostas vinculativas.
A Altice Portugal não comentou.