O sector do turismo registou no primeiro semestre do ano uma receita total de 2,5 mil milhões de euros, o que correspondeu a um crescimento de 31,8% face ao período homólogo, impulsionado pelo alojamento turístico, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na passada segunda-feira. Estes dados vieram, mais uma vez, confirmar o contributo crucial do turismo para o crescimento da economia portuguesa, numa altura em que a Alemanha e outras economias europeias têm atravessado tempos difíceis.
No primeiro semestre do ano, as dormidas cresceram 18,8%, sendo que houve uma subida de 7,7% no número de hóspedes residentes e de 24,2% no de hóspedes não residentes. Considerando a generalidade dos meios de alojamento, estabelecimentos de alojamento turístico, campismo, colónias de férias e pousadas da juventude, registaram-se 14,5 milhões de hóspedes e 36,7 milhões de dormidas, o que corresponde a um crescimento de 20,9% e 18,7%, respetivamente.
Olhando apenas para o mês de junho, o sector do alojamento turístico registou um total de 2,9 milhões de hóspedes, mais 7,1% do que no período homólogo, e um total de 7,4 milhões de dormidas.
De acordo com o INE, o rendimento médio por quarto disponível situou-se em 78,1 euros e o rendimento médio por quarto ocupado atingiu os 123,1 euros. Comparando com o 2019, que foi o último ano antes da pandemia, registaram-se aumentos de 25,3% e 26,1%, respetivamente. A Grande Lisboa e a região Norte foram as áreas em que o rendimento médio por quarto ocupado atingiu novos máximos históricos, de 152,6 euros e 113 euros, respetivamente.
"Sector tem estado particularmente forte e a puxar pela economia portuguesa", diz João Duque
Estes números vêm confirmar o contributo do turismo para o crescimento da economia portuguesa nos dois primeiros trimestres do ano, num contexto de estagnação a nível europeu. De acordo com as últimas estimativas, no primeiro trimestre o Produto Interno Bruto (PIB) português terá crescido 2,5% em termos homólogos, acima da média da zona euro, que se ficou pelos 1,1%, enquanto no segundo trimestre a economia português cresceu 2,3%, contra 0,3% no bloco da moeda única. E, segundo o Banco de Portugal, o turismo foi o principal responsável pelo excedente externo que Portugal registou nos primeiros cinco meses do ano.
Em declarações ao Jornal Económico, o economista João Duque afirma que, "quando estamos a falar do número de dormidas ou de hóspedes, estamos perante diferenças que vão para uns de 8%/10% e para outros de 20%/30%, acho que essa é a diferença maior. É importante que quer as dormidas, quer os hóspedes, cresçam mais, sendo que estamos a falar de uma atividade turística particularmente virada para o exterior. Este sector tem estado particularmente forte, e a puxar pela economia portuguesa".
Entre janeiro e junho a Região Autónoma dos Açores atingiu um receita total de 72,7 milhões de euros, tendo os preços subido 16,3% para os 113,1 euros. "A região dos Açores é uma região que ainda não tinha tanto turismo quanto outras, portanto é fácil crescer em termos relativos, uma vez que parte de uma base mais baixa. Nos Açores, é claramente, um destino que se situa na natureza e não de praia, é um produto que se deve definir como algo de nicho", revela Vera Gouveia Barros, economista do Centro de Competências de Planeamento, de Políticas e de Prospetiva da Administração Pública, em declarações ao JE.
"Em termos de receita é natural que tenham subido, uma vez que nos encontramos num período de inflação, temos de olhar para os proveitos em termos reais e descontando aquilo que foi a inflação, temos um crescimento em termos reais ou não", salienta Vera Gouveia Barros.
A economista salienta que "o sector tem apresentado um comportamento positivo, recuperando até já do período da pandemia, neste momento já estamos com números positivos. Este crescimento nos hóspedes, confesso que preferia que fosse uma crescimento em dormidas".
Numa perspetiva geral, o sector do turismo apresentou bons resultados durante o primeiro semestre, mas não está garantido que no próximo semestre os resultados sejam iguais.