A Região Autónoma da Madeira vai a eleições este domingo (26 de maio) depois do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter convocado eleições antecipadas na sequência das buscas da PJ de 24 de janeiro relativas ao processo que investiga suspeitas de corrupção na Madeira. A principal novidade reside no fim da coligação entre PSD e CDS-PP, partidos que têm estado coligados na governação do arquipélago desde 2019.
Os dois maiores partidos com representação na Assembleia Legislativa da Madeira, PSD (20 deputados) e PS (11 deputados) têm sido abertos relativamente a acordos pós-eleitorais, algo que deve ganhar relevo tendo em conta que uma sondagem publicada esta semana indica que não devem existir maiorias absolutas na noite eleitoral.
Miguel Albuquerque, candidato do PSD, assumiu, em entrevista ao Jornal Económico (JE), que não há “linhas vermelhas” para ninguém, mas alerta que é melhor governar com um Governo maioritário, e acabou por desvalorizar as “portas fechadas” de algumas forças partidárias a entendimentos com os sociais-democratas.
Albuquerque mostrou também abertura para governar com um governo minoritário, algo que excluiu na campanha para as regionais de setembro de 2023, onde apelou à maioria absoluta.
Esta semana, citado pela Antena 1, Albuquerque reforçou que quer ganhar as eleições e no caso de não atingir maioria absoluta procurará encontrar “plataformas de entendimento”.
Já Paulo Cafôfo, candidato do PS, também em entrevista ao JE, pediu confiança no partido para poder formar Governo. O socialista disse que só não se senta à mesa com o Chega e admitiu acordos com o PSD, mas só em questões que são importantes para a Madeira no palco nacional.
A sondagem da Aximage, publicada, na quinta-feira, pelo “Diário de Notícias da Madeira”, coloca o PSD a vencer as eleições com 38,1% dos votos, seguido pelo PS (20,6%), JPP (16%), Chega (10,8%), Iniciativa Liberal (3,1%), CDS-PP (2,7%), Bloco de Esquerda (2,4%), PAN (1,6%), CDU (1,5%). O diário madeirense refere que o PSD só atingiria maioria absoluta com o Chega e que o JPP deve ter mais três deputados e o Chega deve eleger mais um.
Na quinta-feira, o líder do Chega, André Ventura, admitiu que o partido não iria fazer nenhuma aproximação ao PSD se antes não fosse feita uma auditoria aos gastos públicos dos últimos anos, e ainda sobre um acordo com o PSD afirmou que “nunca com este PSD, nunca com Miguel Albuquerque”, sublinhando que seria um contrassenso o Chega estar a governar com Miguel Albuquerque depois deste ter sido constituído arguido numa investigação em que existem suspeitas de corrupção.
Contudo, Ventura referiu que o partido estaria disponível para viabilizar o Orçamento “ponto a ponto” e que tanto poderiam ser propostas do Governo como do PS.
As maiorias absolutas na Assembleia da Madeira são atingidas com 24 deputados. Atualmente o PSD tem 20 deputados, PS (11), JPP (cinco), Chega (quatro), CDS-PP (três), PCP-PEV (um), Iniciativa Liberal (um), PAN (um), BE (um).
A maior parte dos partidos com assento parlamentar repetem os cabeças-de-lista que apresentaram nas eleições de 24 de setembro de 2023. O PSD apresenta o atual presidente do executivo madeirense Miguel Albuquerque, o Juntos pelo Povo (JPP) candidata Élvio Sousa, o Bloco de Esquerda (BE) tem Roberto Almada, o PAN leva a eleições Mónica Freitas, a Iniciativa Liberal repete Nuno Morna, o PCP apresenta Edgar Silva, e o Chega tem como candidato Miguel Castro.
Nos novos candidatos face ao último ato eleitoral o CDS-PP apresenta o seu líder regional e presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, e o PS troca Sérgio Gonçalves, que se demitiu da presidência dos socialistas madeirense na sequências das regionais de 24 de setembro de 2023 para dar lugar ao atual líder Paulo Cafôfo.
Em 2024, repete-se o confronto de 2019 entre Albuquerque e Cafôfo, num ato eleitoral que acabou com as maiorias absolutas do PSD na Região Autónoma da Madeira em eleições regionais.