Os profissionais que utilizam a aplicação Fixando para vender os seus serviços consideram que os condicionamentos ao trânsito em Lisboa durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em agosto poderão impactar mais de 2.500 clientes e gerar uma perda estimada de 1,6 milhões de euros em tarefas às quais não conseguirão dar resposta, revelou ao Jornal Económico (JE) o CEO da empresa, Miguel Mascarenhas.
A app Fixando conta com milhares de trabalhadores que, mediante a procura por parte das pessoas, fazem serviços como limpeza, canalização, formação em costura ou maquilhagem, DJ, organização de eventos ou mesmo consultas de psicologia, osteopatia, entre outros. No entanto, com a JMJ na capital portuguesa e as alterações à mobilidade que implica, temem ter de adiar biscates ou trabalhos.
Em causa está mais de um terço (36%) do valor que faturariam em condições normais. De acordo com o CEO da Fixando, a presença dos peregrinos não irá compensar esse número, uma vez que os produtos e serviços que adquirem, provavelmente, não serão contratualizados previamente online.
“Os peregrinos que se deslocarão a Portugal virão para participar na JMJ e não para contratar serviços, logo, não projetamos assistir a um aumento considerável no número de pedidos realizados na plataforma. No entanto, uma semana de paragem na prestação de serviços para a casa e de assistência técnica na Área Metropolitana de Lisboa poderá traduzir-se num aumento da procura por estes serviços nas semanas seguintes”, diz o CEO da Fixando ao JE.
Segundo Miguel Mascarenhas, noutras áreas do sector terciário, como o pet sitting (tomar conta de animais de estimação), tem-se registado um “aumento significativo da procura, relacionada não só com o período de férias, mas também com os portugueses que planeiam deslocar-se a Lisboa no fim de semana para assistir às celebrações da JMJ”.
A conclusão da Fixando foi retirada depois de um inquérito, conduzido entre os dias 3 e 9 de julho, que envolveu entrevistas a 1.562 utilizadores, profissionais e diversos segmentos de atividade, e clientes. Segundo o mesmo estudo, cerca de metade (54%) dos inquiridos acredita que a JMJ terá um impacto positivo no país, mais do que os 32% que dizem que o efeito será negativo.
Outro dos resultados obtidos foi que 43% da amostra não estará a trabalhar durante a JMJ 2023, sendo que 38% desses marcaram férias e 38% mencionaram motivos alheios ao evento religioso. Para os que responderam que iriam estar a trabalhar, quase dois em cada dez (18%) acredita que terá um volume de trabalho mais elevado e (16%) subida nos rendimentos, inclusive até mais mil euros numa semana.
O CEO da Fixando deixou ainda um conselho a quem disponibiliza serviços na plataforma que lidera: “A reorganização da agenda com base nas restrições à mobilidade durante este período é fundamental para minimizar o impacto na execução dos trabalhos, assim como a alteração temporária do raio de ação”.
“Poderá compensar, neste período, o foco em trabalhos mais longe, mas cuja deslocação não seja impactada pelas restrições, de forma evitar uma semana sem faturação. Considerar, também, a orçamentação à distância, nas situações em que tal seja possível, dando assim resposta aos clientes e mantendo as relações comerciais ativas”, diz Miguel Mascarenhas. Isto, porque, de acordo com a análise da Fixando, 60% planeia deslocar-se de carro de 2 a 6 de agosto e pouco mais de 10% estará em regime de teletrabalho nesses dias.