Até ao final de agosto, antes da paragem por falta de peças, a Autoeuropa produziu mais de 157 mil viaturas, segundo os dados da ACAP, uma média de cerca de 650 unidades diárias, tendo em conta os sete dias da semana. A produção é superior nos dias úteis quando existem três turnos diários face aos dois turnos diários de sábado e de domingo. No seu melhor ano (2019), a Autoeuropa produziu 254 mil unidades.
O objetivo agora é aumentar a produção para 934 veículos diários a partir de 6 de novembro, segundo o comunicado da Comissão de Trabalhadores (CT) de 10 de outubro. Desta forma, o chão de fábrica da Autoeuropa vai ter de disparar a produção em quase 4% diariamente face ao que acontecia antes da paragem por falta de componentes quando o ritmo estava nas cerca de 900 unidades, uma conta feita com base nos três turnos diários dos dias úteis.
O JE pediu um comentário à Autoeuropa, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.
Para alcançar esta meta de produção, a empresa vai acrescentar 32 trabalhadores aos quatro turnos na área da montagem, com a abertura de várias estações, segundo a CT que revelou "uma grande preocupação sobre os efeitos" que o aumento do volume de produção vai ter "nas cargas de trabalho".
Na sua comunicação, o diretor acrescentou que "olhando agora para o calendário de 2023 há oportunidades que podem ser aproveitadas para reduzir de forma muito significativa o impacto da última paragem. Compreendemos o sacrifício que isso implica, mas cada hora adicional de trabalho, cada turno extra, cada unidade produzida é um passo da recuperação" e isso vai permitir "manter o nosso modelo no topo das preferências dos clientes europeus".
Num comunicado divulgado esta semana, o sindicato SITE Sul, afeto à CGTP, alertou para o "possível impacto negativo na saúde dos trabalhadores e aumento de doenças profissionais" com o anunciado aumento do volume diário de produção. "Os trabalhadores devem de estar atentos aos aumentos das cargas e ritmos de trabalho e denunciar situações que considerem abusivas".
O regime de lay-off que vigorava desde 11 de setembro vai terminar também a 23 de outubro.