O ex-ministro Pedro Nuno Santos regressou ontem à vida política ativa, assumindo o seu lugar como deputado eleito pelo distrito de Aveiro. "Vou ser um deputado como os outros", respondeu Pedro Nuno Santos quando questionado, pelos jornalistas, se irá adotar uma postura "discreta" em São Bento.
"Não sou candidato a nada", disse ainda o antigo ministro das Infraestruturas, na mesma ocasião, numa alusão ao facto de ser visto como provável candidato à sucessão de António Costa na liderança do Partido Socialista (PS).
As fontes ouvidas pelo Jornal Económico nas fileiras do PS em São Bento não têm dúvidas de que Pedro Nuno Santos regressa às lides parlamentares de modo a abrir caminho a uma candidatura à liderança do partido, depois da breve travessia no deserto que se seguiu à sua demissão em consequência do caso da indemnização paga pela TAP à Alexandra Reis. Vários observadores notam que Pedro Nuno Santos pagou o preço político pelos erros cometidos no dossier TAP e tem agora legitimidade para se apresentar como uma alternativa interna a António Costa, sendo até expectável que tome posições críticas em relação ao Governo. O seu espaço de comentário na SIC Notícias, que deverá arrancar em setembro, deverá ser outra plataforma para preparar o caminho de Pedro Nuno Santos para a liderança do PS.
Nos corredores de São Bento, quando questionado sobre se seria uma voz crítica à liderança do PS, Pedro Nuno Santos respondeu que “temos um Governo muito bem entregue”. “O Partido Socialista tem muito trabalho para fazer e eu sou só um deputado que apoia o Governo”, disse.
O regresso de Pedro Nuno Santos a São Bento deu-se no dia em que foi entregue no Parlamento a versão preliminar do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão política da TAP. À hora de fecho deste artigo, o relatório ainda não era conhecido.
Carlos Pereira: "ambição" de Pedro Nuno Santos é bem vinda
O Jornal Económico questionou vários deputados socialistas a respeito do regresso do ex-ministro ao Parlamento. O líder da bancada parlamentar, Eurico Brilhante Dias, foi um dos deputados ouvidos, mas respondeu de forma lacónica, recusando fazer comentários sobre pessoas específicas, quando o seu grupo conta com 120 eleitos.
Por sua vez, o deputado Carlos Pereira - que chegou a integrar a Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP mas teve de sair após ter sido revelado que participou numa reunião de preparação com a antiga CEO da companhia, Christine Ourmières-Widener - considera que Pedro Nuno Santos "é um dos maiores ativos do PS e do país".
"Estou certo que o seu contributo em qualquer dos ambiente em que participa acrescenta valor e, por maioria de razão, isso acontecerá, efectivamente, no grupo parlamentar. A sua passagem pelo Governo permitiu consolidar a sua capacidade de liderança e de realização", acrescentou Carlos Pereira, defendendo que "os resultados das suas decisões políticas, quando foi secretário de estado e ministro, são muito relevantes e de qualidade indiscutível".
"Por isso, a sua presença no grupo parlamentar reforça o PS e ajuda o governo a consolidar a sua acção política. Não tenho dúvidas que será um defensor do trabalho do governo socialista e não hesitará em contribuir para mais e melhores soluções para o país . Quanto ao futuro , a sua ambição é bem vinda porque o país precisa de gente capaz, resiliente e inconformada", notou.