O ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, há muito apontado como potencial sucessor de António Costa como líder do PS, vai oficializar a sua candidatura à liderança esta segunda-feira às 18h00, numa comunicação ao país a partir da sede do partido no Largo do Rato, em Lisboa.
Pedro Nuno Santos apresenta a sua candidatura no mesmo dia em que serão anunciadas as medidas de coação a aplicar na Operação Influencer. E dois dias depois de José Luís Carneiro, atual ministro da Administração Interna, ter apresentado a sua candidatura, no que foi interpretado por vários observadores como um gesto de antecipação face ao anúncio de Pedro Nuno Santos. Enquanto José Luís Carneiro é considerado mais próximo da ala moderada do partido, Pedro Nuno Santos é tido como mais à esquerda.
O antigo ministro das Infraestruturas parte para a corrida com vantagem, a fazer fé na sondagem da Aximage que o "Diário de Notícias" publicou este fim de semana. De acordo com essa sondagem, 30% dos inquiridos considera que Pedro Nuno Santos será o sucessor de Costa. Em segundo lugar está Fernando Medina que reúne 19%. Depois, segue-se José Luís Carneiro que obtém 9% nesta sondagem, e Carlos César obteve 6%.
Por áreas geográficas, Pedro Nuno Santos é claramente mais forte no Norte e na Área Metropolitana do Porto (Porto), com resultados de 37% em ambas, superiores à sua média nacional (30%). Já na Área Metropolitana de Lisboa, Medina é o favorito com 25% das preferências, contra 21% de Pedro Nuno Santos.
"Moderados" do PS movimentam-se. E Seguro garante que não tem "Citroen para fazer a rodagem"
A corrida às eleições internas no PS, que deverão ter lugar em dezembro, poderá ter outros candidatos e nos últimos dias têm sido várias as movimentações nesse sentido. Em declarações aos jornalistas, o antigo líder do PS, António José Seguro, admitiu que tem sido contactado por vários militantes com o objetivo de o convencerem a avançar, mas aparentemente não coloca esse cenário. "Não tenho um Citroen para fazer a rodagem", respondeu Seguro aos jornalistas, numa alusão ao célebre episódio do congresso do PSD na Figueira da Foz, em 1985, que catapultou Cavaco Silva para a liderança do partido, e mais tarde, do Governo. "Acabei por dizer à minha mulher que íamos à Figueira da Foz, aproveitava para fazer a rodagem do carro - tinha acabado de trocar o BMW por um Citroen - fazia uma intervenção dizendo aos congressistas o que pensava e, no segundo dia, regressaríamos a Lisboa", refere Cavaco na sua autobiografia.
Álvaro Beleza defende que "chegou o tempo dos moderados"
Também este fim de semana, o dirigente socialista Álvaro Beleza, que é também presidente da SEDES, defendeu que “chegou o tempo dos moderados”, defendendo que Portugal “precisa de um PS moderado, responsável e patriota”, segundo a Agência Lusa.
Estas declarações foram prestadas aos jornalistas antes de um almoço que juntou cerca de 30 militantes da chamada "ala moderada" do partido, que nos últimos anos perdeu força, dando lugar ao "costismo" e à tendência liderada por Pedro Nuno Santos, que coordenou politicamente a chamada "geringonça" com o PCP e o Bloco de Esquerda durante o primeiro governo de António Costa.
Questionado pela agência Lusa sobre se irá apoiar algum dos candidatos à liderança do PS, Álvaro Beleza respondeu que irá tomar uma posição “na altura certa”.
“Acho que chegou o tempo dos moderados. Acho que é preciso moderação, mas não é só no PS, é no país. Portugal precisa de um PS moderado, responsável e patriota, e precisa de um PSD, que é outro partido fundador da nossa democracia, também moderado e reformista”, defendeu, acrescentando que os portugueses querem que haja "cavalheirismo" e "adultos na sala", ainda segundo a Lusa.
“José Luís Carneiro é um excelente ministro, um político de mão cheia, foi um grande presidente da Câmara, é um homem sério, inteligente e preparado”, e Pedro Nuno Santos “também é um jovem com muito talento, carismático, corajoso”, afirmou.
As eleições diretas para a liderança do PS terão lugar nos dias 15 e 16 de dezembro.
(Com Lusa)