As medidas de coação do caso Influencer vão ser hoje conhecidas pelas 15h00 no Campus da Justiça em Lisboa. O juiz Nuno Dias Costa ouviu as alegações finais da defesa e do Ministério Público na manhã de domingo.
O Ministério Público (MP) pediu ontem prisão preventiva para Vítor Escária e Diogo Lacerda Machado.
Para Rui Oliveira Neves e Afonso Salema, administrador e CEO da Start Campus, dona do centro de dados de Sines, o MP pediu o pagamento de caução para que possam aguardar julgamento em liberdade.
O primeiro interrogatório judicial terminou no domingo de manhã.
As buscas de terça-feira levadas a cabo pelo Ministério Público levaram à constituição de nove arguidos no processo do caso Influencer, entre eles os administradores da empresa Start Campus (Afonso Salema e Rui Oliveira Neves), o ministro das Infraestruturas João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira, o autarca de Sines Nuno Mascarenhas e a empresa Start Campus.
Em causa estão crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva e tráfico de influência.
O primeiro-ministro está a ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça no âmbito deste caso. No sábado, António Costa disse sentir-se “envergonhado” pelos 75 mil euros encontrados pelas autoridades no gabinete de Vítor Escária em São Bento, e disse que um primeiro-ministro “não tem amigos” e que se tinha arrependido de nomear em tempos Diogo Lacerda Machado como o seu “melhor amigo”.
Sobre João Galamba, o PM disse que o tema seria debatido, a continuação ou não do ministro no Governo, para a reunião de terça-feira com Marcelo Rebelo de Sousa.
Recorde-se que Portugal vai a eleições antecipadas a 10 de março depois de o PM ter se demitido na sequência deste caso. No entanto, o Governo vai manter-se em funções para que o Orçamento do Estado para 2024 seja aprovado.
No domingo foi revelado que o Ministério Público (MP) enganou-se na transcrição de uma escuta telefónica entre o CEO do centro de dados de Sines, Afonso Salema, e Diogo Lacerda Machado, consultor desta empresa, a Start Campus, segundo o advogado de Lacerda Machado, Magalhães e Silva.
O erro consta no despacho de indiciação do MP no caso Influencer (que levou à demissão do PM), gerando a percepção de que Lacerda Machado disse que iria interceder diretamente junto do seu amigo António Costa a favor da Start Campus. O MP reconheceu durante os interrogatórios que a escuta está mal transcrita no despacho, segundo as fontes da defesa ouvidas pela "CNN Portugal".
“Tá bem. Eu vou decifrar se é Economia ou Finanças. Se for Finanças em falo logo com o Medina (ministro) ou com o António Mendes, que é o secretário de Estado. Se for Economia, arranjo maneira depois de chegar ao próprio António Costa”, segundo a escuta, mas Lacerda Machado está a referir-se ao ministro da Economia António Costa Silva.