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Países Baixos: Rob Jetten tenta gerir clivagens para conseguir uma coligação abrangente

O vencedor das eleições nos Países Baixos, o centrista Rob Jetten, quer formar uma coligação alargada, do centro-esquerda à direita moderada. O problema é que parece que é só ele que quer.

O líder do partido do centro D66, Rob Jetten – que ganhou as eleições antecipadas do final do mês passado – está interessado em formar uma coligação que seja o mais abrangente possível. Para isso quer motivar o centro-esquerda, nomeadamente a coligação trabalhista-verde do GL/PvdA, mas também a direita moderada do Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD, o partido de Mark Rutte, atual secretário-geral da NATO e ex-primeiro-ministro), os conservadores do Apelo Democrata-Cristão (CDA) e mesmo o movimento populista de direita JA21.

Mas, segundo a imprensa neerlandesa, o lado direito da possível coligação não parece estar interessada em tanta abrangência. VVD, CDA e JA21 disseram-se disponíveis para a possibilidade de formar um governo de centro-direita – com a exclusão de qualquer partido de esquerda.os analistas afirmam que Jetten é o único que está a ponderar um gabinete central com D66, VVD, GL/PvdA e CDA.

A líder do antio partido de Rutte, Dilan Yesilgoz, deixou claro, tanto antes como depois das eleições, que o VVD não tem interesse em colaborar com a esquerda. "Sou consistente na minha mensagem. Foi isso que prometemos aos eleitores e vamos cumprir", disse a líder do partido – que foi especialmente fustigado pelos eleitores. O líder do CDA, Henri Bontenbal, também mencionou a possibilidade de coligações à direita.

O que faz correr Jetten – para além de uma eventual vontade política de conseguir uma coligação transversal à sociedade – é o facto de uma coligação D66/VVD/CDA/JA21 ter apenas 75 lugares no parlamento e, portanto, não constituir maioria. Mas, segundo as mesmas fontes, o CDA não vê isso necessariamente como um problema, estando até aberto a um governo minoritário: "a estabilidade não se resume a números", disse o seu líder, Henri Bontenbal. O apoio tácito também pode ser procurado em partidos menores. Bontenbal estaria até interessado em estender essa colaboração ao também derrotado BBB, de direita – mas a sua líder, Caroline van der Plas, não vê "lugar na nova coalizão neste momento" para o seu partido após a derrota eleitoral.

Ao contrário, o líder do JA21, Joost Eerdmans, é explicitamente candidato a uma vaga num gabinete de centro-direita, mas tem reservas quanto a uma combinação sem maioria. "Nesse caso, teríamos que contar com apoio passivo. Preferiríamos uma maioria estável", afirmou – mas não avançou com uma alternativa.

Do seu lado, o líder do GL/PvdA, Jesse Klaver, também deixa no ar a possibilidade de um entendimento com Jetten: já disse, e repetiu, que quer “que a Holanda progrida" e que seu partido quer contribuir para isso. "Pode ​​ser feito por meio da coligação ou da oposição". Ou seja, a todo o momento, pode retirar-se para a oposição.

Em 2023, os neerlandeses ficaram mais de meio ano sem governo. E, a ver pelos avatares dos envolvidos, é bem possível que tenham outra dose do mesmo.