Jornada” tem diversos significados. Sabemos nós e diz-nos o dicionário. Mas aqui convocamos a definição que remete para viagem e, em sentido figurado, “para o conjunto de factos passíveis de serem entendidos como uma transição, rumo a determinado fim.” Um limiar, portanto. É precisamente essa a sensação inicial que o mais recente projeto a ganhar forma no campus Vitra nos provoca, quando nos adentramos pelo caminho serpenteante e entrelaçado, em que vamos perdendo a noção do espaço envolvente e mergulhamos no som que nos guia ao coração de um retiro.
Poesia? Devaneio? Já o gongo que espraia o som nos recebe numa câmara despojada, também ela em tons quente-laranja-ferrugem-ocre, como a escultura-edifício que acabámos de percorrer. Dois bancos em semicírculo, contornados por um espelho de água, convidam-nos a respirar. A estar, muito simplesmente. Presentes e ausentes. Ao som do suave gongo. Aqui, no Doshi Retreat.
“Doshi construiu pontes entre Oriente e Ocidente, entre ciência e espiritualidade, entre tradição e modernidade, e o seu mundo era um mundo de humildade, generosidade, humor e reconciliação.” A admiração e estima de Rolf Fehlbaum, presidente emérito da Vitra, pelo arquiteto indiano Balkrishna Doshi ressoa em cada palavra que usa. “Aprendi muitas coisas com Doshi que não sabia antes. E todos podem aprender com ele. O retiro é uma espécie de convite de Doshi para uma viagem que transcende o quotidiano e eleva o espírito,” refere aquando da apresentação do projeto à imprensa.
Na Vitra, a arquitetura também pensa o silêncio
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Uma empresa familiar tem vindo a transformar 25 hectares num festim para a criatividade nas áreas da Arquitetura e Design. Uma aventura extraordinária a que agora se junta um retiro imaginado pelo Pritzker indiano Balkrishna Doshi, que nos convida a “elevar o espírito.”