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Modelo “Up or Out”da Uría e Linklaters deverá expandir-se

Recursos humanos : Sistema utilizado nos dois escritórios internacionais e nas grandes consultoras deverá ser cada vez mais utilizado em Portugal, incluindo nas sociedades de advogados 100% lusas.

O tabu na gestão de carreiras nos grandes escritórios e nas consultoras está a desfazer-se. A Uría Menendez - Proença de Carvalho e a Linklaters confirmaram ao Jornal Económico (JE) que têm o modelo “up or out” (“para cima ou para fora”) instituído também em Portugal.

Vários players consideram que este sistema, tradicionalmente usado nas firmas anglo-saxónicas e ibéricas, é uma inevitabilidade por uma questão de sustentabilidade.


As vantagens apontadas são melhorias de desempenho, motivação para essa performance acima da dos colegas, por consequência maior distribuição de dividendos entre sócios e remuneração dos associados e restantes managers, entre outros. Por outro lado, a competitividade extrema, a pressão e o ambiente hostil são vistos como desvantagens.


“Mais de 50% [profissionais] na base da pirâmide vão saindo. A habilidade é conseguirem ficar com os que lhes convêm e não com os que não conseguiram arranjar mais nada lá fora”, explica ao JE a especialista em consultoria de liderança Maria da Glória Ribeiro.


“São empresas piramidais. Accenture, Deloitte e outras BigFour, com milhares de pessoas, e até sociedades de advogados, com centenas de pessoas. Portanto, apanham os jovens para estágio e têm, além do desempenho, a análise do potencial. Podem monitorar os que encaixam nos planos de crescimento da organização”, refere a fundadora e diretora geral da Amrop Portugal.


O crescimento das grandes sociedades de advogados, bancos de investimento e consultoras, tal como o dos famosos unicórnios, não é eterno e atingirá o seu pico, porque o país dificilmente capacidade para escritórios com milhares de profissionais na mesma área. Como é que se irá gerir talentos? Na opinião de Maria da Glória Ribeiro, representante em Portugal do grupo internacional de pesquisa de executivos (executive search) e consultoria em liderança, não são só as características de conhecimento e “rapidez intelectual” que contam, mas também as de personalidade e de gosto verdadeiro pelo ambiente de trabalho e pela atividade comercial. “Nas sociedades de advogados é mais fácil de prever, sabemos como é hoje e podemos imaginar como será amanhã, mas há outras nas quais é muito mais difícil. Para escolherem os que têm potencial e perfil para lá estar têm de ir largando as pessoas”, afirma. O racional é fácil de perceber. Difícil é que esses executivos admitam que têm o modelo implementado ou que o pretendem fazer. Há relatos ao JE de que este é um tema quente nas reuniões dos conselhos de administração, porque raramente se chega a consenso. Ora se ganha mais, pela eficiência gerada, ora o ambiente de trabalho se torna mais pesado, com colegas a quererem ‘furtar’ o trabalho a outros. “Imagine que há dez pessoas, todas brilhantes, mas só existem oito lugares disponíveis numa McKinsey ou outra consultora estratégica. Há duas que têm de sair, apesar de terem qualidade. O modelo está construído para que a pirâmide continue a funcionar assim”, disse uma fonte ao JE. Maior probabilidade de replicar o modus operandi haverá com o advento das sociedades multidisciplinares, aprovadas no Parlamento no dia 5 de janeiro.