A DS Intermediários de Crédito registou 350 milhões de euros em crédito escriturado no primeiro trimestre do ano, o que representou um crescimento na faturação de 60%. No conjunto do ano passado, cresceu 30%, para 1.065 milhões de euros de crédito escriturado. Em entrevista ao Jornal Económico, Marta Almeida, diretora-coordenadora nacional da DS Intermediários de Crédito a marca do Grupo Decisões e Soluções especializada na prestação de serviços de consultoria e intermediação de crédito, aponta como objetivo atingir os três mil milhões de euros em crédito intermediado, dentro de dois ou três anos, e ter uma expressão de cerca de 30% do mercado da intermediação de crédito. Depois, quer galgar fronteiras. "Queremos continuar a crescer no país e dar o passo seguinte para a internacionalização da marca", diz.
De que forma tem evoluído a atividade dos intermediários de crédito em Portugal?
A atividade de intermediário de crédito tem ganho cada vez mais importância nos últimos anos, em particular nos últimos anos, devido à conjuntura económica e financeira do país, que afeta diretamente o rendimento das famílias. Nestes contextos mais desafiante, há, naturalmente, uma maior procura de crédito pessoal, ao consumo e também de crédito hipotecário. E para estes processos, tem havido uma crescente procura dos serviços de intermediários de créditos, que são um apoio em termos de aconselhamento para indivíduos e famílias, no sentido de os ajudar a conseguir as melhores condições dos seus novos créditos, ou a renegociar os créditos já existentes.
Os intermediários de crédito são, hoje, verdadeiros parceiros das agências bancárias. Por exemplo, de acordo com dados da Associação Nacional de Intermediários de Crédito Autorizados [ANICA], os intermediários de crédito são responsáveis por comercializar entre 70% e 90% do crédito à habitação dos principais bancos em Portugal.
No mesmo sentido, a intermediação de crédito tem vindo a ser mais regulada – como é exemplo o regime jurídico que regula a atividade dos intermediários de crédito, sujeitos à supervisão do Banco de Portugal, que entrou em vigor no início de 2018 -, contudo acreditamos que à medida que ganham ainda mais relevância no setor financeiro e da banca, é fundamental dar continuidade a este processo legislativo. É uma forma de evitar a estagnação da profissão, e permitir que os profissionais da intermediação de crédito continuem a acompanhar as normas implementadas pelo Banco de Portugal e a evolução e dignificação do setor.
Têm beneficiado do desinvestimento da banca em balcões?
Sabemos, hoje, que o futuro da concessão de crédito passará pelos intermediários de crédito, que dispõem de um conjunto de ferramentas, que os diferencia do contacto direto com a entidade bancária, sem esquecer a possibilidade de integração dessas ferramentas com os vários bancos. Mas acreditamos que, acima de tudo, os intermediários de crédito são verdadeiros parceiros da banca. Basta olhar para os dados partilhados pela ANICA.
Por outro lado, para os bancos, esta é uma forma de ganharem mais negócio, pois estes profissionais estão altamente focados no negócio, representando um investimento controlado, recuperável num curto espaço de tempo - e também uma forma de reduzirem custos fixos, com colaboradores e pontos de venda.
Além disso, o intermediário de crédito tem também um papel pedagógico muito importante, nomeadamente no reforço da literacia financeira, em parceria com outras entidades, nomeadamente escolas, entidades financeiras, etc. Neste âmbito, a DS Intermediários de Crédito criou, em 2022, o projeto de literacia financeira infantil “Os Mini-Heróis da Poupança”, através do qual promove a literacia financeira para crianças em várias escolas do país. Com este projeto, já concretizámos dezenas de eventos, tendo chegado já a milhares de alunos e à comunidade educativa em várias escolas no país.
E como tem sido a evolução da DS?
A DS Intermediários de Crédito foi lançada em 2017 com o propósito claro de, por um lado, apoiar a população, aconselhar e apoiar os clientes individuais e as famílias, a encontrarem as melhores soluções de financiamento ou de negociação das condições que pudessem ter, quer em crédito hipotecário quer em crédito ao consumo, e, por outro, ser mais um projeto do Geupo DS com oportunidades de trabalho.
Nestes últimos sete anos, focámo-nos em disponibilizar um serviço diferenciador, próximo e personalizado, o que nos permitiu crescer de ano para ano, consolidar a nossa presença no mercado, e sermos, atualmente, uma referência na intermediação de crédito em Portugal, com parceiros muito relevantes no setor financeiro e da banca.
Nos primeiros três meses deste ano, alcançámos um total de cerca 350 milhões de euros em crédito escriturado, o que representou um crescimento na faturação de 60% comparado com o período homólogo. Neste período, assinámos 10 novos contratos para abertura de lojas e inaugurámos 10 novas unidades no país, e no total, hoje já temos, cerca de 170 lojas a nível nacional, entre unidades abertas e em fase de abertura.
Ao mesmo tempo, a DS Intermediários de Crédito é também uma oportunidade para futuros colaboradores que se queiram juntar a nós e desenvolver-se pessoal e profissionalmente. Hoje, contamos com uma equipa de 1.400 colaboradores a nível nacional, resultados que demonstram a franca expansão da marca e o foco que mantemos em continuar a crescer e em prestar o melhor serviço possível, bem como, uma clara preferência por parte das pessoas que se têm juntado a nós, pois veem na nossa marca a referência no setor.
A crise na habitação e as medidas que têm sido propostas são uma oportunidade para a atividade?
As medidas anunciadas pelo Governo são vistas com bons olhos e serão sem dúvida um apoio extraordinário, contudo consideramos que há ainda um caminho a percorrer para que seja possível mudar o paradigma entre aquilo que é a oferta e a procura imobiliária, principalmente nos grandes centros urbanos, onde se tem verificado uma procura maior.
A escassez de oferta não terá resolução imediata, pelo que a procura se irá manter, levando a um contínuo aumento dos preços dos imóveis em Portugal.
Para ter uma ideia, só no primeiro trimestre deste ano, a DS Intermediários de Crédito escriturou em crédito à habitação novo mais de 50% quando comparado com o período homólogo. No que diz respeito às transferências de crédito habitação, cresceu 48% em relação ao mesmo período do ano passado.
Por um lado, num contexto atual, há mais portugueses a quererem renegociar os seus créditos para conseguirem fazer face às suas despesas, e por outro, continua a haver uma grande procura na contratação de crédito à habitação.
Neste cenário, os desafios mantêm-se, e os intermediários de crédito desempenham um papel crucial no aconselhamento para a contratação de créditos à habitação, ou para a renegociação de créditos já existentes, ajudando quem está nesse processo a tomar as decisões informadas e que permitam alcançar a maior poupança possível ajustada às necessidades.
Que perspetivas tem de evolução da atividade?
O intermediário de crédito tem um papel fundamental na sociedade portuguesa, na medida em que através desta responsabilidade que lhe foi incutida, contribui para o crescimento económico, o desenvolvimento de negócios e a realização de projetos pessoais, além da crescente responsabilidade dos intermediários de crédito no reforço da literacia financeira dos consumidores.
É necessária uma maior definição na profissão. É importante que o Banco de Portugal defina, mais em concreto, algumas regras, sendo a formação uma das prioridades. Em simultâneo será fundamental que os intermediários de crédito invistam na sua formação de forma contínua, para estarem devidamente informados sobre todas as normas implementadas pelas entidades que regulam a intermediação de crédito, e acompanharem a evolução da atividade, prestando o melhor serviço aos clientes.
Acreditamos que esta atividade continuará a desenvolver-se, por isso na DS Intermediários de Crédito continuaremos a apostar fortemente na formação de quem se junta a nós, tanto técnica, como comercial, mas também comportamental, em competências como liderança e desenvolvimento pessoal. Continuaremos em paralelo a desenvolver a área de literacia financeira, que consideramos ser de grande importância e para a qual os intermediários de crédito poderão contribuir significativamente.
Quais são os objetivos da DS para este ano e para o próximo?
Nos próximos dois a três anos, queremos atingir os três mil milhões de euros em crédito intermediado. Ter uma expressão de cerca de 30% do mercado da intermediação de crédito no país é também um objetivo. Isso significará que estaremos a ajudar ainda mais pessoas e famílias a conseguirem as melhores condições para os seus créditos, e a maior poupança possível ajustada às suas necessidades.
Acreditamos que são objetivos alcançáveis, pois contamos com profissionais de excelência nas nossas equipas, continuamos a recrutar, a expandir a rede, e enquanto Grupo DS, firmaremos uma estrutura consolidada e com a experiência de mais de 20 anos no mercado.
Tal como tem acontecido até aqui, queremos continuar a crescer no país e dar o passo seguinte para a internacionalização da marca. Para já, temos a ambição de chegar às 200 lojas em Portugal até ao final do ano. Continuaremos a construir a nossa história com a missão clara de apoio à comunidade.