A Endesa tem em curso investimentos de mil milhões de euros em Portugal, com o objetivo de construir um gigawatt (GW) de energias renováveis.
A companhia espanhola tem em mãos três grandes projetos: as centrais solares que saíram do leilão de 2020, o projeto para o ponto de ligação do Pego, e um projeto para construir uma central solar flutuante.
Em causa, estão "mil milhões de euros. O Pego é o maior com 730 milhões de euros de investimentos", disse, ao JE, Pedro Almeida Fernandes, administrador da Endesa Generacion Portugal.
O objetivo é atingir "um gigawatt. É o nosso horizonte em 2027", segundo o gestor, em declarações à margem da conferência "Energyear" que decorreu recentemente em Lisboa.
Na energia solar fotovoltaica, a companhia está a construir uma central solar de 100 MVA no Algarve; já na albufeira do Alto Rabagão, distrito de Vila Real, a companhia está a desenvolver um projeto de solar flutuante com 42 MVA.
Já no Pego, distrito de Santarém, a companhia está a instalar um projeto com 365 MWp de energia solar, 264 MW de energia eólica, com 169 de armazenamento integrado e um eletrolisador de 500 kW para produzir hidrogénio verde. Este projeto vai ligar-se a parte do antigo ponto de ligação à rede da central a carvão do Pego, que conta com 224 MVA.
O projeto do Pego está atualmente "em fase de licenciamento ambiental, a correr os trâmites. Está a seguir o calendário previsto. Estamos numa fase em que o projeto está em licenciamento. Os projetos são submetidos à APA e ainda haverá uma etapa de consulta pública".
"O projeto está nas mãos das entidades licenciadoras. Não está nas nossas mãos, o projeto está em apreciação", rematou.
A companhia espanhola é liderada em Portugal por Guillermo Soler, que substituiu, em 2023, o histórico líder Nuno Ribeiro da Silva.
Em março de 2022, a Endesa Portugal venceu o concurso do Pego, deixando pelo caminho a Tejo Energia Greenvolt, Brookfield & Bondalti, Voltalia e EDP Renováveis.
Após o encerramento da central a carvão do Pego, no final de 2021, os dois sócios da central, a Endesa e a TrustEnergy, entraram em ruptura por desacordo quanto ao rumo a tomar para o ponto de ligação.
A proposta de 900 milhões da TrustEnergy (consórcio franco-nipónico da Engie e Marubeni, que também está em fase de divórcio) dava primazia às energias renováveis, hidrogénio verde, mas também à queima de biomassa. Já a proposta da Endesa está mais focada nas energias renováveis e hidrogénio verde.
Conforme noticiou o JE em junho de 2023, a TrustEnergy avançou com um processo em tribunal para cancelar o leilão do Pego, que atribuiu parte do ponto de ligação da antiga central a carvão à Endesa, tendo levado o ministério do Ambiente a tribunal.
Estas duas empresas foram sócias durante anos na sociedade Tejo Energia, que geria a central a carvão, tendo deixado de produzir a 30 de novembro de 2021. Um mês antes, a Endesa (acionista minoritária) anunciou que tinha saído da gestão operacional da empresa, com a Tejo Energia a ficar entregue ao sócio maioritário.
Foi nesse ano que as duas sócias entraram em desacordo sobre o futuro a dar ao ponto de ligação. Um mal-estar que chegou a público a 28 de maio de 2021, conforme revelou então o JE.