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Labirintos sonoros

As canções de Tori Amos são muito pessoais. E perdem-se nos labirintos da mente humana, nos seus mistérios e maravilhas.

As canções de Tori Amos são muito pessoais. E perdem-se nos labirintos da mente humana, nos seus mistérios e maravilhas. Não abdicou, honestamente, de criar sobre o que a confunde: a vulnerabilidade de todos nós, e sobretudo dela própria. E isso vislumbra-se perfeitamente neste novo disco, “Ocean to Ocean” (CD Decca), uma viagem auto-biográfica sobre a escuridão da alma, quando esta se perde. Mas não desesperemos: encontra-se nas canções alguma luz que nos faz acreditar no futuro.

Tori Amos fala dela, de nós e do mundo. Das trevas e da luz. Do confronto eterno entre estas duas faces da lua. Este disco representa também um regresso às colaborações com o baterista Matt Chamberlain e com o baixista Jon Evans, depois de uma longa pausa. O resultado disso é claro em “Spies”, canção hipnótica e intensa. A morte da mãe ecoa no disco em “Swim To New York State”, uma balada perfeita, com arranjos orquestrais deliciosos. Sob o mesmo tema, espraia-se em “Speaking With Trees”, onde conta como tentou esconder as cinzas da sua mãe debaixo de uma casa de árvores, enquanto canta: “I will not let you go”. Um lamento que nos recorda canções antigas suas. O ambiente e a sua destruição não estão esquecidos neste disco, a começar pelo tema que lhe dá título. A guitarra elétrica em “29 Years” acorda-nos para a capacidade vocal de Tori Amos, num registo que consegue ser o ponto unificador de diferentes estilos musicais e temas. Inspirada como sempre, ela partilha connosco o prazer da melhor música.

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