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Kaïs Saïed: notas sobre o processo de presidencialização em curso

Durante décadas, no final do século passado e no início deste, quando aos turistas europeus lhes dava para partirem à aventura para o Magrebe, escolhiam comummente a Tunísia: era tão pitoresco como a Argélia e Marrocos (o chamado pequeno Magrebe) e não tinha problemas de segurança – que abundavam nestes dois países.

Durante décadas, no final do século passado e no início deste, quando aos turistas europeus lhes dava para partirem à aventura para o Magrebe, escolhiam comummente a Tunísia: era tão pitoresco como a Argélia e Marrocos (o chamado pequeno Magrebe) e não tinha problemas de segurança – que abundavam nestes dois países. Aos turistas europeus escapava-se-lhes o porquê deste acréscimo de segurança tunisina em relação ao pandemónio marroquino ou à ainda mais dura Argélia, mas a razão era simples: o país foi controlado entre 1956 (data da sua independência face à França) e a chamada Revolução de Jasmim (2011) por um dos regimes mais repressivos do mundo muçulmano. Os turistas eram uma das mais importantes fontes de divisas do país e o regime considerava-os como tal: eram vistos como ativos corpóreos com o pequeno senão de não serem imóveis, e os autóctones estavam rigorosamente proibidos de os molestarem por quaisquer atos. Os europeus chegavam contentes mas expectantes e partiam ainda mais contentes e cheios de objetos pitorescos e mais ou menos indecifráveis nas bagagens, deixando para trás um cenário que escondia o país que ficava nos bastidores – que não era visitável e muito menos recomendável.

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