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O assalto global

Seguir a pista do “dinheiro sujo” não é tarefa fácil. Que o digam os melhores investigadores. Porque ele, muitas vezes, não se distingue do “dinheiro limpo”. E isso, claro, altera as regras das sociedades. Como escreve Tom Burgis, jornalista do “Financial Times” neste “Cleptopia”: “A evasão fiscal privava os governos de receita.

Seguir a pista do “dinheiro sujo” não é tarefa fácil. Que o digam os melhores investigadores. Porque ele, muitas vezes, não se distingue do “dinheiro limpo”. E isso, claro, altera as regras das sociedades. Como escreve Tom Burgis, jornalista do “Financial Times” neste “Cleptopia”: “A evasão fiscal privava os governos de receita. O branqueamento de dinheiro era o reverso da mesma medalha. Tal como a fuga aos impostos, era uma subversão do papel do dinheiro como símbolo de altruísmo recíproco que permitia que sociedades grandes e diversificadas funcionassem. Mas enquanto a evasão fiscal sugava dinheiro para fora, o branqueamento de dinheiro bombeava dinheiro para dentro. Se pudéssemos impedir-nos de pensar na sua origem, estes influxos de dinheiro sujo de todo o mundo eram apenas a outra fonte de investimento em economias que de outro modo declinariam.” Assim sendo, entre a ilegalidade e a legalidade as fronteiras são muito ténues, porque muitos interesses, aparentemente opostos, coincidem. Só que este “albergue espanhol” financeiro está a conduzir-nos, na opinião do autor, à privatização do poder, de que Donald Trump foi o mais alto expoente, num mundo de “factos alternativos”, onde a corrupção já não é o sinal de um Estado a desintegrar-se, mas a servir para um novo fim. A subversão das instituições nunca esteve tanto à vista como neste livro.

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