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007, ordem para ganhar

Quando James Bond começou a beber martinis o mundo era cinzento. Ele trouxe-nos cor e exotismo. Mas as tragédias que vivia eram ficções. Quando uma nova cultura política mistura, no mundo real, a dor e o marketing, chegámos ao limiar do abismo. Nasceu o “stand-up politician”.

Os menos otimistas dizem que o líder político do futuro não nascerá de manobras nos bastidores dos partidos. Virá do Youtube, do Tik-Tok ou da Inteligência Artificial. Ou, se os deuses desejarem algo mais humano, será uma vedeta de “stand-up comedy”. Candidatos não faltam. Uma nova geração de líderes está a ser forjada. Num momento em que até o humor perdeu o sentido de humor, surgiu o “stand-up politician”. Trata-se de uma personagem inofensiva, ideal para esbracejar no poder. É uma nova cultura política que cai do céu como um meteorito. Estas eleições autárquicas serão lembradas pela vitória de Carlos Moedas e pela derrota de Fernando Medina. Ou mesmo pela sensação de desconforto da sociedade portuguesa com o excessivo ego de alguns. Mas também terá de ser recordada porque alguém quis fazer “stand-up comedy” sem o conseguir. Querendo ser “politicamente incorreto”, o doutor Eurico Brilhante Dias quis fazer de uma realidade sombria um filme exótico. Singelamente disse: “vou dizer uma coisa que talvez não seja politicamente correta: nós ganhámos com a Covid. O facto de Portugal ter sido das primeiras economias a reabrir em 2020 teve um efeito positivo sobre a marca Portugal”. Ninguém ganhou nada com a Covid. Todos perdemos. Se isto é “internacionalizar” o país, vamos antes ser uma aldeia de Astérix.

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