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iPhone. No "peito" de um recondicionado também bate um "coração"

Em Talin, capital da Estónia conhecida pela sua arquitetura medieval, património mundial da UNESCO, desenha-se parte do futuro do mercado de iPhones recondicionados a nível europeu. O JE visitou a unidade da Swappie, líder na venda de iPhones recondicionados na Europa, onde velhos smartphones da Apple ganham uma nova vida, num mercado que está a ganhar cada vez mais clientes.

É em Talin, capital da Estónia, que alberga um conjunto arquitetónico medieval integrado pela UNESCO na lista de Património Mundial, que também se define parte da “arquitetura” de um mercado que tem crescido exponencialmente nos últimos anos: na Europa, os recondicionados representam 10% do mercado de smartphones mas até 2027, a perspectiva é que esse mercado possa crescer 10%. E como vamos perceber, os iPhones recondicionados estão muito longe de desafinar, como na canção composta por António Carlos Jobim e gravada por João Gilberto em novembro de 1958.

Talin foi a cidade escolhida pela Swappie (‘scale-up’ finlandesa que se destaca a nível europeu na compra de iPhones e recondicionamento destes equipamentos da Apple usados para futura venda), para instalar o novo centro de recondicionamento de equipamentos e assim aumentar a capacidade de resposta.

A Swappie é líder na venda de iPhones recondicionados na Europa (receitas de 208 milhões de euros em 2022 e venda de um milhão de iPhones recondicionados desde 2016) e aposta no recondicionamento destes equipamentos, um mercado que cresceu 11,5% em 2022 com mais de 282 milhões de telemóveis vendidos nesse período, em contraciclo com as quebras na venda de telemóveis novos, mercado que contraiu 11,3% no ano passado.

Prolongar o ciclo da vida do iPhone

Desta forma, a empresa liderada pelo empreendedor finlandês, Sami Marttinen (que decidiu criar a Swappie em 2016 após ser vítima de fraude quando tentou comprar um telemóvel usado online), reforçou a capacidade de recondicionamento com a abertura de uma unidade na capital estoniana que procede ao aproveitamento dos iPhones e reintroduz os equipamentos no mercado, prolongando o ciclo de vida.

Desta forma, a Swappie promove a economia circular num segmento em que se estima que, a nível mundial, serão acumuladas 7,5 milhões de toneladas de lixo eletrónico até 2030. A marca aposta no desenvolvimento do mercado de iPhones recondicionados e estima que estes equipamentos possam gerar menos 70% de CO2 face a um telemóvel novo e assim reduzir a pegada carbónica da tecnologia em toda a sua cadeia de valor. “Se estendermos o ciclo de vida em um ano, as emissões são cortadas um terço”, explicou Emma Lehikoinen, chief operating officer da marca na Finlândia, em entrevista ao JE.

Com a abertura deste centro de recondicionamento em Talin, que o JE teve a oportunidade de visitar e de acompanhar todos os processos de recondicionamento, a Swappie conta também com dois centros de logística, em Helsínquia (Finlândia) e Leipzig (Alemanha), de onde são expedidos os equipamentos para os países europeus.

Voltar à vida, 52 fases depois

É num edifício de três andares e de 2.500 metros quadrados nos arredores da capital da Estónia que uma equipa de 500 funcionários cuida de cada fase do recondicionamento. Além de vender iPhones, a Swappie também compra estes equipamentos usados, estejam estes em funcionamento ou avariados. A marca recolhe estes smartphones e tenta recuperar partes que ainda podem vir a funcionar noutros equipamentos.

Baterias, écrans e câmaras são as principais componentes alvo de alteração neste centro de recondicionamento ao longo de três processos, como explicou Pavel Tšukrejev, responsável pelas operações e gestão dos centros de recondicionamento da Swappie: receção e diagnóstico do equipamento; encaminhamento dos iPhones para recondicionamento e a preparação para ser expedido para o cliente. Explica este responsável que a “Black Friday” e o Natal são uma espécie de “época alta” na chegada de equipamentos a este centro, já que os consumidores tentam fazer algum dinheiro com um iPhone que já foi substituído nesse período por outro mais recente.

No primeiro andar, este centro de recondicionamento tem capacidade para armazenar 35 mil equipamentos. A partir daí, os iPhones são entregues à paciência e o cuidado destes profissionais qualificados que garantem com rigor cada etapa de um processo composto por 52 fases e que inclui a parte de cosmética, hardware, bateria, limpeza e desinfeção. Desta forma, a Swappie garante o controlo sobre toda a cadeia de valor já que leva a cabo todo o processo de recondicionamento nesta unidade, com processos padronizados.

* O jornalista esteve em Talin (Estónia) a convite da Swappie